Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Reajustes seguidos da gasolina levam a busca de alternativa; mesmo assim, consumo diminui...

Os combustíveis estão em trajetória de alta. O litro da gasolina é encontrado por até R$ 5,27 em Goiás, sendo que o valor máximo praticado não superava R$ 5 até começar 2021. Com isso, consumidores têm preferido abastecer com etanol, que ainda se mantém mais vantajoso quando se considera o preço médio dos postos. Mas ele também teve aumento registrado.

Em um carnaval sem folia e viagens e com valores elevados na bomba, donos de postos sentiram uma queda de consumo e o reforço da preferência pelo etanol. “É o que o consumidor tem como alternativa, porque ainda é competitivo aqui apesar de ter grande aumento”, pontua o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), em uma semana, o valor do hidratado vendido pelas indústrias no Estado passou de R$ 1,87 para R$ 1,94. Reflexo de um aquecimento que desde janeiro tem sido observado no País com aumento da demanda pelo biocombustível para repor estoques. Nos postos, a média praticada passou de R$ 3,29 no início do ano para R$ 3,40.

No caso da gasolina, a diferença é de R$ 0,10, com valor médio do litro a R$4,90. Mas vem mais aumentos. “A partir deste dia 16 tem nova pauta do ICMS que influencia nos valores e vai refletir em aumento de custo em torno de um centavo (no etanol). Na gasolina, já havia refletido em dois centavos a mais, não tem reflexo ainda da última alta da Petrobras, o que deve vir a partir de março”, explica o representante do Sindiposto.

Se a pressão acelera, com três altas consecutivas pela Petrobras, consumidores como motoristas de aplicativo têm de frear o custo. “Trocamos gasolina por etanol, mas a conta não fecha. Com tarifa defasada, chegamos ao caos e o cálculo mostra que não compensa trabalhar em Goiânia e região”, defende o presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de Goiás (Amago), Leidson Alves do Santos. Ele explica que enquanto não há avanços, parcerias com rede de postos é opção que tem ajudado.

“Na maioria dos postos, o etanol está R$3,57, com desconto conseguimos R$ 3,09.” Há aplicativos e programas de fidelidade que também têm ajudado diversos consumidores e em algumas datas é estratégia para girar estoque no estabelecimentos.

Porém, para saber se de fato há vantagens, a indicação de especialistas é acompanhar sempre os valores dos postos. “Tem que ficar atento porque pode ocorrer maquiagem no preço e pode fazer parecer lucro. Aumenta o preço para depois parecer que há um desconto”, alerta o superintendente do Procon Goiás, Allen Viana.

Como os reajustes estão mais constantes, Allen pontua também que o órgão teve de incrementar a fiscalização. O trabalho global aumentou mais de 200%, conforme afirma. A intenção é mostrar presença e monitorar o cenário para evitar ou penalizar práticas abusivas. Já foram lavrados 22 autos de infração e 45 termos de constatação e verificação de preço para monitorar os reajustes.

De outro lado, cresce também o debate sobre a carga tributária. Na gasolina, os tributos representavam no mês passado R$2,12, o que supera 40% do valor total. Essa discussão ocorre pela proposta do presidente da República, Jair Bolsonaro, de mudar a forma de cálculo do ICMS – imposto estadual e que tem peso importante para os Estados –, que ele diz gerar distorção na cobrança. A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) apoia, conforme nota publicada, por estar alinhada à defesa de simplificação e cobrança única do tributo, sem diferença entre Estados.

“Essa medida pode evitar uma retroalimentação da inflação nos combustíveis, mas não ataca a causa principal que é a política de preços adotada pela Petrobras. Dessa forma, é improvável que a medida tenha a eficácia esperada para interromper os aumentos ocorridos recentemente”, pontua o coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), William Nozaki.

Fonte: O Popular
Foto Capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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