violencia domestica
O crime comove, mas a mudança demora...

Mais uma manchete, mais uma vítima. Na última quinta-feira, dia 27, mais uma mulher foi exposta à violência por seu companheiro e talvez ela não tenha ao menos a chance de sobreviver para contar sua história, já que ela teve traumatismo no crânio e está em estado gravíssimo, na UTI. 

A jovem Maria, de 23 anos, havia aparecido na TV, no dia anterior – pedia por comida e por um emprego. O público se compadecia: jovem, migrante, mãe… No dia seguinte, chocados com a sua nova aparição na mídia, as pessoas questionam: “Por que?”. 

Esses “por quês” estão na vida das mulheres todos os dias, “por que fui interrompida?”, “por que fui ignorada?”,  “por que fui agredida?”, “por que?”… Além dos incômodos cotidianos, as mulheres temem, temem o tempo todo. E são questionadas por isso. Mas não adianta questionar, os números não mentem, a matemática não engana e conta não fecha… a consolidação dos dados sobre crimes violentos do ano de 2019 mostra um recuo de todos os crimes desse tipo, exceto o feminicídio, que cresceu 7,2%, segundo a Folha de São Paulo. 

Quem violenta, fere e mata mulheres não são desconhecidos – são seus pais, irmãos, tios, esposos, namorados, companheiros. A violência vem das mais diversas formas: psicológica, financeira, moral, sexual, física… 

Quando a Maria, 23 anos, sem estudos, sem comida, implorou por ajuda na tv, talvez ela tenha assinado seu próprio atestado de óbito… talvez seu companheiro não tenha aceitado a exposição, tenha sido acometido por forte sentimento de posse, se revoltado por ter a vida doméstica exposta, ter reveladas as suas fraquezas de não prover o lar do mínimo necessário… vários podem ser os sentimentos, mas nenhum deles nunca justificará as ações… nunca justificará o fato de atirar a mulher na parede até que não pudesse mais se levantar, e depois limpar o ambiente da agressão, lavar as roupas encharcadas de pavor, de tristeza e de sangue… 

E por isso, por mais que doa, que choque, que comova, é preciso falar. Sim, seguiremos falando de machismo, de violência doméstica, de feminicídio. 

Por Estael Lima
Foto capa: Internet 
Jornalismo Portal Panorama
panorama.not.br

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