Professora Edlaine Villela atua em trabalho sobre comportamento (Foto: Arquivo pessoal)

Trabalho visa a entender comportamento das pessoas diante da pandemia...

Docente do curso de Medicina da Universidade Federal de Jataí (UFJ), no Sudoeste Goiano, a doutora em Epidemiologia e Saúde Pública Edlaine Villela coordena no Brasil um estudo chefiado pela Universidade de Antuérpia, na Bélgica. Ela foi convidada para o posto pelo coordenador do estudo na instituição belga, o professor Robert Colebunders. A pesquisa é realizada por 20 países e analisa o comportamento e as condições de vida da população durante a pandemia do novo coronavírus. Os resultados são repassados às autoridades de saúde para o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas.

No início de março, segundo Edlaine, o consórcio formado pelas nações participantes passou a atuar na elaboração do instrumento de coleta de dados e na obtenção da aprovação do comitê de ética em pesquisa. Desde então, uma primeira fase já foi realizada e as informações obtidas já apontaram resultados (leia mais nesta matéria). A segunda, iniciada na última quinta-feira (23), deve ser encerrada neste domingo (26). Os questionários são respondidos de forma voluntária pela internet e não coletam informações pessoais. Interessados podem participar por meio do site www.icpcovid.com/pt-br/country/brasil

O International Citizen Project Covid-19 (ICPCovid), como é chamado o projeto, coleta informações entre determinados intervalos de tempo para identificar mudanças de comportamento e indicadores de adesão às medidas de distanciamento social. Para tanto, uma rede de colaboradores, dentre docentes, discentes e técnicos da universidade, está envolvida na ação, baseada principalmente no ambiente virtual.

“Neste momento, vamos buscar financiamento para nossa pesquisa, a fim de poder investir em estratégias que melhorarão a articulação desta rede (de colaboradores). Como nossa pesquisa conta com as respostas on-line do questionário, a divulgação e a comunicação estratégica são fundamentais para termos sucesso”, diz a pesquisadora, que explica que, na primeira fase do estudo, contou com o auxílio do Observatório de Epidemiologia e Serviços de Saúde (EpiServ), conduzido por estudantes da UFJ, para a divulgação. “É muito importante a participação de toda a população.”

Resultados

A pesquisa tem o intuito de traçar uma perspectiva sobre o impacto do distanciamento social na vida dos brasileiros, de acordo com Edlaine Villela. A primeira etapa, finalizada no último dia 10, contou com a participação de cerca de 25 mil pessoas. Os dados obtidos estão sendo analisados e, com a finalização desta fase, pode ter início o trabalho de divulgação das informações consolidadas, que servirão de suporte para as autoridades. Isso, porém, ainda depende de outros fatores, segundo a pesquisadora. “Assim que conseguirmos financiamento e apoio para articulação com Secretarias Estaduais de Saúde, por exemplo, teremos condições de lapidar nossos dados epidemiológicos e iniciar a divulgação de informações consolidadas que realmente poderão servir de suporte às autoridades de saúde para tomadas de decisão referentes às medidas de prevenção e controle”, diz ela.

A fase inaugural do estudo liderado pela Universidade da Antuérpia, na Bélgica, obteve respostas de voluntários de todo o País, como apontam dados apresentados pela coordenadora. Teve destaque a participação da população dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A maioria dos participantes é do gênero feminino, correspondendo a 72%, e tem, em média, 47 anos.

Até o momento, o estudo mostrou que o isolamento social tem sido respeitado pela maior parte da população, com mais de 60% das pessoas trabalhando de casa. Contudo, o número de indivíduos que tiveram contato físico com outros fora de casa nas duas semanas anteriores ao preenchimento do questionário foi grande, na avaliação dos pesquisadores, correspondendo a 42%.

Dentre os quesitos de destaque, está a obediência ao distanciamento de outras pessoas, o que foi sinalizado por 92,6% daqueles que responderam ao questionário. Porém, o uso de máscaras faciais fora de casa era adotado apenas por 45,5% e houve pouca adesão da mensuração da temperatura corporal semanalmente. A mudança de hábitos imposta também impactou o consumo de alimentos, que se tornou mais saudável no período. Por fim, 18% dos entrevistados afirmaram que tiveram sintomas gripais entre o fim de março e o início de abril.

Para a coordenadora da pesquisa no Brasil, o tipo de preocupação existente com relação à Covid-19 chamou a atenção. “A maioria das pessoas não está preocupada com a sua própria saúde, mas demonstra grande preocupação com a saúde de seus familiares e amigos”, diz.

Fonte: O Popular
Jornalismo Portal Panorama
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