A família dos gêmeos Ana Júlia e João Lucas Pereira, que têm 1 mês e 13 dias de vida, luta para conseguir um medicamento de alto custo na rede pública de saúde, em Goiás. Prematuros, eles precisam de mais uma dose de uma vacina para proteger o pulmão de infecções, mas não conseguem em Jataí, no sudoeste do estado, onde moram. Diagnosticada com leucemia, a mãe dos bebês, Juliana Souza Santos, de 37 anos, morreu horas depois do parto.
Antes do nascimento das crianças, a gestante precisou ser transferida para o Hospital das Clínicas (HC), em Goiânia, devido às fortes dores que sentia na barriga. Foi quando constataram que ela estava doente.
A mulher chegou a ficar 15 dias hospitalizada antes do parto, que ocorreu no último dia 30 de maio, quando ela estava de oito meses. Juliana sobreviveu à cesariana, mas morreu na noite do mesmo dia. Os bebês ficaram internados por mais um mês no HC, até receberam alta médica, no final de junho.
Segundo o pai dos gêmeos, o auxiliar de serviços gerais Jaime Pereira, os filhos receberam uma dose da vacina Palivizumabe ainda na capital, no entanto, a segunda dose deve ser aplicada no dia 26 de julho. Ele afirma que procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas foi informado de que não há o medicamento.
“Em Goiânia eles me disseram que o governo não ia dar mais nenhuma dose esse ano, só no ano que vem. O pessoal no hospital disse que eles precisam pra fortalecer o pulmãozinho deles”, disse Pereira.
Enteada de Jaime, a estudante Thais Freitas, de 17 anos, explica que, após a dose de julho, a nova aplicação do medicamento só será necessária em março do ano que vem. Até 2017, devem ser aplicadas dez vacinas em cada bebê.
A Secretaria Estadual de Saúde informou, em nota, que apenas repassa o medicamento fornecido pelo Ministério da Saúde. Diferentemente do que foi informado a Jaime, órgão disse que há vacina na rede pública e a família precisa procurar o Hospital Materno Infantil, em Goiânia.
“É preciso, portanto, ir até o hospital com um laudo médico informando a patologia identificada que sinalize para a necessidade da vacina e o preenchimento pelo médico de formulário solicitando o medicamento”, informa a nota.
Procurada pela reportagem, a direção da Secretaria Municipal de Saúde de Jataí não se pronunciou sobre o caso dos gêmeos até a publicação desta reportagem.
Dificuldades
Desempregado, o pai mora com os bebês na casa do sogro, Paulo Roberto dos Santos, e diz que não tem condições financeiras de pagar pelas vacinas. No total, 11 pessoas vivem na residência e sobrevivem com o salário do pai de Juliana, que é de R$ 1,1 mil. “Eu tenho que cumprir com as minhas obrigações e lutar para que os meus netinhos possam sobreviver”, disse Santos.
Jaime era casado com Juliana há oito anos. Abalado com a morte da mulher, ele afirma que os filhos são fundamentais para amenizar a dor da perda e que vai lutar para garantir a saúde deles. “Não é fácil, não deixo de sentir falta dela, agora é cuidar deles. Temos que ter todos os cuidados possíveis com eles. Eles são uma benção de Deus”, diz.
Fonte: G1 / Foto: ReproduçãoTV Anhanguera
Que Deus possa ouvir esse pranto e usar alguem para ajudar,essa familia