Brasil dispara no ranking e entra no Top 20 dos países mais dominados pelo crime organizado
O Brasil passou a integrar o grupo dos 20 países com maior prevalência do crime organizado, segundo a nova edição do Índice Global de Crime Organizado (GI-TOC), divulgada neste mês. De acordo com levantamento repercutido por O Globo, o país avançou da 22ª posição para a 14ª colocação no ranking que avalia 193 nações. O índice utiliza pontuações de 0 a 10 para medir a força das organizações criminosas e o alcance dos mercados ilícitos em cada território.
Expansão do tráfico de cocaína impulsiona avanço do crime
Pesquisadores da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional (GI-TOC) apontam três fatores principais para a piora do quadro brasileiro. O primeiro é a expansão do mercado internacional de cocaína, que vem fortalecendo a atuação de grupos criminosos na América Latina. “O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de cocaína no mundo, e também é corredor do tráfico transnacional, principalmente para a Europa”, explica Gabriel Funari, coordenador do observatório do GI-TOC na Amazônia. Além disso, ele destaca o uso crescente de rotas que passam por Pará e Amapá para o envio de carregamentos ao continente europeu.
Tráfico de armas cresce juntamente com facções
O relatório também relaciona o avanço do tráfico de cocaína ao crescimento do comércio ilegal de armas. Segundo o estudo, facções como o PCC e o Comando Vermelho importam armamentos de países como Croácia, Turquia, Eslovênia e Estados Unidos. As armas entram por meio de empresas formais, seguem para o Paraguai e, posteriormente, são distribuídas no Brasil, fortalecendo ainda mais o poder bélico das organizações.
Crimes ambientais seguem entre os maiores do mundo
Outro fator que mantém o país em posição elevada no ranking é a persistência de crimes ambientais, como o garimpo e a extração ilegal de madeira. “Dois dos mercados ilegais de meio ambiente, fauna e flora, o Brasil tem consistentemente, nos últimos cinco anos, liderando os rankings globais”, afirma Gabriel Granjo, analista do GI-TOC. Além disso, Funari destaca que o sistema prisional brasileiro continua servindo como base estratégica para o fortalecimento de facções criminosas.
Mercado de falsificados se expande e amplia desafios
O mercado de produtos falsificados também contribuiu para a piora da avaliação brasileira. O segmento segue em expansão, especialmente no setor de bebidas alcoólicas, roupas, medicamentos, eletrônicos e pesticidas. As mercadorias chegam de países como China, Paraguai e Guiana; contudo, também há centros de produção dentro do Brasil, com destaque para Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto e Goiânia.
Baixa resiliência institucional mantém país vulnerável
O levantamento classifica o Brasil entre os países com alta criminalidade e baixa resiliência institucional — indicador que mede a capacidade de resposta do Estado às organizações criminosas. Apesar disso, houve leve melhora em áreas como governança e sistema judicial. “A Operação Carbono Oculto, por exemplo, é o tipo de intervenção que se encaixa em várias dessas categorias”, destaca Funari. A ação desarticulou um esquema de sonegação fiscal, fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, com indícios de ligação com o PCC, e cumpriu mais de 300 mandados em oito estados.
Caminhos para melhorar o desempenho do Brasil
Por fim, os pesquisadores ressaltam que reduzir a infiltração do crime organizado em estruturas governamentais é essencial para melhorar o desempenho nacional nas próximas edições do índice.
Ranking de criminalidade (pontuação)
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Mianmar (8.08)
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Colômbia (7.82)
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México (7.68)
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Paraguai (7.48)
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Equador (7.48)
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República Democrática do Congo (7.47)
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África do Sul (7.43)
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Nigéria (7.32)
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Líbano (7.30)
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Turquia (7.20)
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Quênia (7.18)
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Iraque (7.17)
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Honduras (7.10)
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Brasil (7.07)
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Líbia (7.05)
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República Centro-Africana (7.03)
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Afeganistão (7.02)
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Camboja (7.02)
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Síria (6.98)
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Venezuela (6.97)
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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