20 de setembro de 2024

Arte: Yanka Romão/Metrópoles

Desabafo da cantona Anitta fez discussão sobre doenças que afetam as mulheres ganhar força nas redes sociais.

Depois que a cantora Anitta foi às redes sociais para desabafar sobre a endometriose, ganhou força nas redes sociais a discussão sobre a quantidade de mulheres que são afetadas por doenças ginecológicas. Além da doença inflamatória, que atinge uma em cada dez brasileiras, os especialistas em saúde reprodutiva alertam para outros males que, negligenciados, podem causar sérios problemas.

A endometriose é classificada por médicos ginecologistas como um mal muito comum no Brasil. Por ano, pelo menos 2 milhões de casos são diagnosticados. A condição pode durar anos, ou até a vida inteira. Os sintomas são cólicas fortes e dores abdominais frequentes, que podem aparecer no dia a dia, mesmo fora do período menstrual. Também são recorrentes a menstruação desregulada, fadiga, sangramento intestinal durante o período menstrual e dores durante relações sexuais.

Bem como a endometriose, a maioria das doenças são detectadas por um diagnóstico médico, que parte do ginecologista. A especialidade tem por finalidade observar o sistema reprodutor feminino e também as mamas. Está incluída nesta área médica, a obstetrícia, que cuida do período gestacional, parto e pós-parto.

Por isso, é tão importante que mulheres façam ao menos uma visita ao profissional por ano, desde a primeira menstruação até após a menopausa – período em que os hormônios reprodutivos sofrem um declínio. Exames especulares e físicos são os principais reveladores de doenças silenciosas que acometem mulheres.

A pesquisa “Expectativa da Mulher Brasileira Sobre Sua Vida Sexual e Reprodutiva: As Relações dos Ginecologistas e Obstetras Com Suas Pacientes”, realizada de 5 a 12 de novembro de 2018, com 1.089 mulheres de todo o país, mostrou que 68% das entrevistadas consideraram que é importante frequentar o ginecologista.

O levantamento ouviu mulheres de 16 a 60 anos. Do total, 13% revelaram que nunca tinham ido ao especialista, ou não costumavam ir.

 

Em entrevista, o presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Álvaro Pigatto Ceschin, ressalta a importância do ginecologista na vida da mulher e lista outras doenças que atingem a população feminina:

Síndrome do ovários policístico (SOP)

A síndrome consiste em um distúrbio hormonal que causa um aumento no tamanho dos ovários e aparição de cistos nas glândulas reprodutivas das mulheres. As principais consequências são menstruação irregular, com intervalos muito curtos ou muito longos, acne excessiva e aumento de pelo corporal em lugares mais comuns em homens.

A SOP também é uma doença muito comum entre brasileiras, já que atinge cerca de 2 milhões por ano. Uma das maneiras de diagnosticar a síndrome é por meio do exame de ultrassom. Exames hormonais também são fundamentais na detecção. Se não tratada, a doença provocar infertilidade.

“Afeta as mulheres na menarca até após a menopausa, então tem que ser muito bem pesquisada e avaliada, e o diagnóstico correto dela é importante porque é muito comum você ter diagnósticos errados apenas utilizando a imagem ultrassonográfica”, alerta o médico ginecologista e especialista em reprodução humana e membro da Associação Brasileira de Reprodução Humana (SBRA), Roberto de Azevedo Antunes.

“A Síndrome dos Ovários Poliscísticos é uma patologia extremamente frequente e afeta de 10% a 15% das mulheres. O critério ultrassonográfico só pode ser usado em pacientes que já tenha menstruado há pelo menos 7 anos”, salienta o especialista.

Vulvovaginite

A vulvovaginite compreende uma série de patologias comuns nas mulheres, como a candidíase e as vaginoses. Os sintomas mais relatados dessas doenças são inflamação, coceira, dor, corrimento e irritação ao urinar. Ela é frequentemente causada, por exemplo, por vírus, bactérias, parasitas e fungos diversos.

Fatores corriqueiros como o uso de pomadas, cremes, sabonetes e lubrificantes também podem irritar a região genital, resultando na inflamação. Lavagens exageradas e alimentação inadequada também podem ocasionar as doenças que compreendem a patologia.

Também consideradas como muito comum, com mais de 2 milhões de diagnósticos por ano, os sintomas são a principal forma de descobrí-las. Em alguns casos, é necessário a coleta de uma amostra de secreção vaginal para eventuais testes bacterianos.

“A vulvovaginite na verdade é um conjunto de afecções das mulheres. Então, dentro delas estão a candidíase, a vaginose bacteriana, a tricomoníase e uma série de outras afecções como a vaginite citolitica e etc. São super frequentes e toda mulher já teve um episódio de candidíase ou vaginose. De um modo geral, estão muito relacionadas ao estado geral da paciente, como estresse e imunidade”, destaca Antunes.

Mioma uterino

O nome costuma assustar, mas o mioma uterino é, basicamente, um tumor benígno formado por tecidos musculares. Ele afeta mulheres em idade reprodutiva e causa sangramentos intensos, dores abdominais intensas e até infertilidade. Em vários casos, a paciente pode simplesmente não apresentar nenhum sintoma.

“Miomas são extremamente frequentes. Estima-se que cerca de 50% da população teve ou vai ter algum tipo de mioma em algum momento da vida. Na maioria das vezes, eles não vão atrapalhar a vida reprodutiva e nem a vida diária dessa pessoas”, explica o médico ginecologista.

O especialista ainda alerta que é necessário atentar-se para os “miomas muito volumosos ou que crescem rápido” e, naqueles miomas que tenham um “componente intramural indo pra dentro do endométrio ou aquele submucosos, que são aqueles que já estão praticamente todos dentro da endométrio”. Estes, segundo o obstétra Roberto Antunes, são os que mais apresentam sangramentos e riscos durante a gravidez.

Para diagnosticar miomas, assim como as outras patologias ginecológicas, é necessário realizar exames de sangue, de imagem e o preventivo, onde o profissional da área procura checar possíveis irregularidades no útero. Os que não respondem aos tratamentos habituais, devem ser retirados cirurgicamente.

Doença inflamatória pélvica

Infecção que afeta os órgãos reprodutores femininos, como o colo do útero, útero, tubas uterinas, ovários e vagina. Os demais componentes da pelve e do baixo ventre também podem ser atingidos pela patologia.

Em aproximadamente 90% dos casos, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) gonorreia e clamídia são as principais causadoras da doença inflamatória pélvica. Por isso, é importante a utilização de camisinhas durante as relações sexuais. Ela atinge principalmente mulheres de 15 a 35 anos, com vida sexual ativa.

Os sintomas notáveis são dores durante o período menstrual, durante a relação sexual, sangramento inesperado, corrimento com forte odor. Em alguns casos, os sangramentos inesperados podem vir acompanhados de náuses, vômitos e até febre.

Nos outros 10%, o parto normal, os abortos, os procedimentos ginecológicos cirúrgicos, a colocação recente de dispositivos intrauterinos (DIU), entre outros, também são fatores que causam a doença.

“Normalmente, são bactérias que se instalam no colo uterino e muitas vezes essas bactérias sobem pelo útero e se instalam nas trompas, causando um quadro de endometrite aguda ou, muitas vezes, a doença inflamatória pélvica com abcessos tubo-ovarianos”, pontua o médico Roberto de Azevedo Antunes.

O ginecologista ainda explica que a doença tem um quadro que é de difícil diagnóstico, já que, na grande maioria das vezes, os sintomas são incipientes. Se ignorada, em cada episódio, ela pode diminuir em 15% as chances da paciente engravidar, segundo o especialista.

“Ela não tem grandes sintomas. A paciente tem uma febre, uma dor abdominal ou dor durante a relação sexual e não consegue descobrir o que pode estar acontecendo. Muitas vezes, o quadro passa e a paciente não trata e depois ficam com sequelas. A principal sequela da doença inflamatória pélvica é a infertilidade”, enfatiza Antunes.

Por Mariana Costa
Arte: Yanka Romão/Metrópoles
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