Um oftalmologista é suspeito de fraudar a fila de transplante de córneas e cobrar até R$ 16 mil para dar prioridade a pacientes que precisam de transplantes de córneas. Segundo a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), o médico trabalha em um hospital particular no Setor Marista, em Goiânia, e foi suspenso de atuar por prazo indeterminado. Ele também teve R$ 3 milhões sequestrados da conta.
“Houve reclamações de pacientes no sentido de cobranças indevidas. Pacientes que têm plano de saúde e buscaram um transplante de córnea e precisaram fazer pagamentos adicionais para equipe desse médico. Ficou demonstrado até o momento que as cobranças indevidas chegavam em valor, por paciente, de R$ 12 a R$ 16 mil”, explicou a delegada Débora Melo.
Por não ter o nome divulgado, O Portal não conseguiu localizar o médico para que se posicionasse até a última atualização desta reportagem.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goias (Cremego) disse que “irá cumprir a decisão judicial que determinou a suspensão do CRM do profissional”. Também informou que “todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico”.
O Portal entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), por e-mail enviado à 10h15, para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Investigação
A Polícia Civil informou que a investigação começou há seis meses após a Central Estadual de Transplantes de Goiás realizar uma auditoria no hospital e identificar que uma equipe coordenada pelo médico estaria fraudando a fila de espera de transplantes de córneas.
“Essa equipe faz um número bem elevado de cirurgias em pacientes que são diagnosticados com uma certa urgência, o que faz com eles passem na frente de todos os pacientes que estão esperando o transplante”, informou o delegado titular da Decon, Frederico Maciel.
Durante a operação, realizada nesta quarta-feira (13), em Goiânia e Aparecida de Goiânia, a polícia cumpriu três mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e cautelares pessoais. Foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos. A investigação continua para apurar se há mais pessoas envolvidas no crime e até que ponto os pacientes sabem que esse tipo de cobrança é indevida.
Regulação de transplantes
A delegada explicou que no Brasil existe uma lei que regula todos os transplantes de tecidos e órgãos. Por isso, qualquer cirurgia que envolve transplante de ógãos, precisa ser regulamentada pelo Estado. Em Goiás, o processo é feito pela Central Estadual de Transplantes, independentemente se o hospital é público ou privado.
“Precisa de uma lista com critérios que as equipes médicas devem observar. Existem críterios para a pessoa ser submetida ao transplante e existem critérios, ainda mais específicos, para ela ser submetida a uma priorização nesse tranplante”, afirma a delegada.
Por Letícia Graziely, Gustavo Cruz
Foto: Divulgação/Polícia Civil
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