Procedimento de retirada das próteses mamárias cresceu 9% de 2019 para 2020 e tem movimentado debates nas redes sociais e na ciência.

Implantar silicone nos seios faz parte da lista de intervenções estéticas de desejo de muitas mulheres. No entanto, após o compartilhamento de relatos nas redes sociais de celebridades como Victoria Beckham, Chrissy Teigen, Evelyn Regly e Monica Benini, muito se fala sobre os explantes, procedimento que realiza a retirada das próteses mamárias.

De acordo com dados divulgados pela Food and Drugs Administration, agência reguladora de produtos alimentícios e fármacos nos EUA, de 2019 para 2020 a colocação de próteses diminuiu 23%. Já o explante no mesmo ano aumentou 9% em relação ao ano anterior. A motivação que leva muitas mulheres a regredir na numeração do sutiã e desistir do silicone ocorre por diversos motivos, mas, na maioria dos casos, a busca está atrelada a questões estéticas e até mesmo a complicações de saúde.

Seios naturais e livres do padrão estético

O padrão estético de seios volumosos que ocupava as revistas mundo afora em meados dos anos 2000 ajudou a impulsionar o número de próteses mamárias e levou muitas pessoas para as clínicas de estética. No entanto, o procedimento que foi febre há mais de 20 anos vem, aos poucos, deixando de fazer sentido para muitas mulheres que abraçam o tamanho e formato dos seios naturais.

Em uma publicação nas redes sociais, a modelo internacional Chrissy Teigen anunciou que iria realizar a retirada das próteses que colocou há mais de 15 anos. “Eles foram ótimos para mim por muitos anos, mas eu cansei. Eu gostaria de conseguir fechar um vestido do meu tamanho, deitar de bruços de forma confortável. Nada demais. Então não se preocupem! Está tudo certo. Eu ainda terei peitos, eles apenas serão completamente de gordura”, explicou ela.

Razões que vão além da estética

A decisão de realizar o procedimento de explante de silicone de mama nem sempre está relacionada a questões estéticas. A influenciadora digital Evelyn Regly usou suas redes sociais para falar sobre o assunto e anunciar a retirada das próteses após apresentar problemas de saúde. “Foram noves meses com os seios abertos, correndo risco de infecção. Inúmeras idas à emergência e a médicos como mastologista, infectologista. Fui do sonho ao pesadelo”, contou.

Na legenda da foto, Regly aproveitou também para recomendar seus seguidores sobre as possíveis complicações que o procedimento pode oferecer à saúde. “Eu tive uma série de problemas de saúde após o silicone, além de conviver com muita dor. Não é à toa que agora os implantes vêm com aviso de tarja preta escrito: ‘produto com efeitos colaterais graves e que pode alterar a vida’; e pode mesmo. Se eu soubesse disso antes, jamais teria colocado implante de silicone”, afirmou.

A chamada “doença do silicone”, embora ainda não seja reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), tem se tornado cada vez mais falada entre usuárias de próteses e provoca discussão sobre até onde o procedimento é seguro. Assim como a influenciadora digital, algumas mulheres relatam complicações na saúde, como dores crônicas, quedas de cabelo, cansaço e distúrbios do sono.

Pesquisas também movimentam o assunto e alertam sobre os perigos que o procedimento pode oferecer. O Centro do Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, realizou um estudo sobre a temática e constatou que implantes de silicone nos seios podem aumentar em 600% a chance de artrite, em 450% a possibilidade de natimorto e em 400% o risco de câncer de pele.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a falta de dados científicos não permite concluir uma relação direta da BII (sigla em inglês usada para “doença do silicone”) com os implantes. “Precisamos auxiliar nossas pacientes a compreender que estudos têm sido realizados para estabelecer ou não a relação entre BII e implantes mamários, e que estes dados científicos não são obtidos na velocidade das mídias sociais”, diz o órgão em nota oficial em seu site.

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