A tarifa de água e esgoto deve ter alta de cerca de 3% em Goiás, como estimou ontem o presidente da Saneago, Jalles Fontoura, sobre o reajuste tarifário anual. Mesmo antes desse aumento ocorrer, conforme mostrou O POPULAR na última quarta-feira (21), o valor médio praticado no Estado já era considerado o maior do País, segundo o último relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), com base em dados de 2016. Saneago contesta a metodologia.
O índice exato do reajuste que chegará às contas do consumidor goiano no dia 1º de julho ainda precisa ser calculado pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR). Esse cálculo considera a inflação do ano passado. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE) fechou 2017 em 2,95%, porcentual próximo ao estimado por Siqueira.
A Saneago tem de encaminhar até hoje à AGR os documentos que serão considerados para a realização dos estudos de definição do Índice de Reajuste Tarifário (IRT) para o ano de 2018. Serão reunidos, por exemplo, relatório contábil referente aos meses de janeiro de 2014 a dezembro de 2017 e também relatório de investimentos do mesmo período, com a indicação do que é passível de ser remunerado pela tarifa. Até ontem a agência não havia recebido toda a papelada.
De acordo com gerente de Saneamento Básico da AGR, Eduardo Henrique da Cunha, é comum que o reajuste fique muito próximo ao IPCA. Por isso, o aumento deve ser menor do que o ocorrido no ano passado, quando incidiu o indicador de 2016 (6,29%) e a conta de água foi reajustada em 6,27%. O reajuste visa recompor a perda decorrente do efeito inflacionário que incidiu sobre os custos da companhia no ano anterior.
Desde 2015, quando houve revisão ordinária e extraordinária (31,87%), o índice de aumento tem diminuído. “Consideramos a média ponderada da inflação, energia, salário de funcionários, despesas materiais, de construção e para cada item um tipo de índice é considerado”, explica. Com a média de todos eles, se chega ao valor do reajuste que deve ser divulgado até um mês antes de passar a valer.
Em paralelo à revisão tarifária, a AGR também já inicia o estudo para a revisão tarifária de 2019. Ela ocorre a cada quatro anos e reflete os investimentos e custos operacionais para que a empresa possa ter equilíbrio.
Companhia diz que 65% das residências pagam menos
O presidente da Saneago, Jalles Fontoura, contesta o relatório do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), que aponta Goiás como dono da tarifa média de água e esgoto mais alta do País, com um valor de R$ 5,02 por mil litros de água. Fontoura afirma que a metodologia utilizada pelo Snis não traduz a realidade da Saneago. Segundo o gestor, em 65% das residências abastecidas pela companhia, o valor cobrado hoje é de R$ 4,06 por mil litros de água.
De acordo com Fontoura, isso ocorre porque a Saneago adota tarifas diferenciadas. O valor vai de R$ 4,06, para quem consome menos de 10 mil litros de água (metros cúbicos) por mês, a R$ 9,90, para quem consome mais de 50 mil litros. “A maioria dos nossos consumidores paga tarifa menor.”
O presidente destaca que a companhia não tem taxa mínima, como ocorre em outros Estados brasileiros. “A gente cobra pelo que a pessoa gasta. Se ela gasta 5 mil litros, paga por 5 mil litros. Não tem tarifa mínima onde o consumidor que gasta menos tem de pagar mais do que consome. A nossa tarifa é mais social”, afirma.
Fontoura admite que a taxa de esgoto encarece a conta de água dos consumidores. “É cobrado R$ 4,06 pelos mil litros de água que entram na sua casa e mais R$ 4,06 pelo que sai, que é a taxa de esgoto. Por isso o preço dobra” explica. “Desses R$ 4,06 que são cobrados, R$ 3,25 são pela a coleta e afastamento e os outros 0,81 centavos são para o tratamento”, esclarece.
Obra atravessará rodovias e córregos
A Saneamento de Goiás S/A (Saneago) realiza uma obra emergencial para tentar evitar uma crise no abastecimento público da Grande Goiânia, como ocorreu no período de seca do ano passado. A interligação dos sistemas João Leite e Meia Ponte prevê a instalação de uma adutora de 13 km de extensão que passará sob duas rodovias e atravessará três mananciais da capital. A previsão de entrega é para o mês de agosto deste ano.
Segundo a Saneago, dos 13 km de rede, 3,8 já foram concluídos, com um avanço de 130 metros por dia. Com uma estrutura de 700 centímetros (cm) de diâmetro, a canalização terá capacidade de enviar uma vazão de 750 litros por segundo do Sistema Produtor Mauro Borges, abastecido pelo reservatório do Ribeirão João Leite, para o Sistema Meia Ponte. O presidente da Saneago, Jalles Fontoura, acredita que o volume seja suficiente para atender a demanda caso o Rio Meia Ponte volte a baixar drasticamente.
Fontoura afirma que a construção é feita com recursos da própria companhia. Até agora foram gastos R$ 28 milhões. “Será uma obra não destrutiva que vai atravessar as rodovias estaduais por baixo”, diz o presidente. São elas a GO-080, que liga Goiânia a Nerópolis e a GO-462, que faz a ligação com Santo Antônio de Goiás. Além disso, a obra atravessará o Ribeirão João Leite, o Córrego Samambaia (que abastece a Universidade Federal de Goiás) o Rio Meia Ponte. “O maior desafio será atravessar os córregos.”
A canalização também contará com uma novidade no sistema de bombeamento. “O motor de bombeamento da água será por gravidade”, conta Jalles. Por conta das elevações no Morro do Bálsamo, região onde se localiza a Estação de Tratamento de Água (ETA) Mauro Borges, o sistema poderá contar com um bombeamento por gravidade.
“Não vamos ficar dependentes de energia elétrica”, diz o presidente, que recentemente atribuiu o estouro de duas adutoras a falhas no fornecimento de energia. Os gastos com eletricidade são o segundo maior custo da Saneago, ficando atrás apenas do pagamento de pessoal. (Colaborou Fabiana Sousa, estagiária do GJC em convênio com a Faculdade Araguaia)
Fonte: O Popular
Foto Capa: Vânia Santana
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