23 de dezembro de 2024
Especialistas dão dicas para quem quer usar consignado do Auxílio Brasil

Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Ouvimos o gerente de Tecnologia da Serasa, Matheus Losi e a educadora financeira Cinthia Siena sobre os riscos do empréstimo.

O empréstimo consignado destinado aos beneficiários do Auxílio Brasil, lançado pela Caixa Econômica Federal neste mês, passou a valer na última terça-feira (11/10). O programa destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade social agora pode ser “objeto” de contração dívidas. A Serasa disse ao portal que “não condena” o empréstimo, mas pede aos cidadão que avaliem outras possibilidades antes de optarem pela modalidade.

O gerente-executivo de Tecnologia da Serasa, Matheus Losi, explica que o empréstimo consignado não deve ser “condenado” nem transformado em um vilão, mas que nesse caso, por ter um auxílio como meio de garantia, há uma preocupação em relação ao endividamento.

“Quem escolhe o consignado precisa ter conhecimento sobre suas finanças para saber o que fará com o dinheiro e como fará. E mais importante, avalie antes se não há outros produtos de crédito que o atendam melhor antes de comprometer o benefício”, disse. “O risco é a pessoa que está em situação de vulnerabilidade tomar o empréstimo, perder o auxílio e ficar com a dívida para pagar”, afirma.

A Caixa limitou o valor do consignado em até 40% do repasse permanente de R$ 400 do Auxílio Brasil – conforme o previsto pelo Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, quando encerra o acréscimo de R$ 200 reais deste ano ao benefício.

Ou seja, aqueles que optarem pelo consignado terão descontados até R$ 160 mensais no valor do benefício, num prazo máximo de 24 meses. Com a taxa de juros de 3,45% ao mês, o valor seria de R$ 165,52. O cidadão então, receberia R$ 234,48. O programa social atinge 21,1 milhões de famílias, das quais 17,2 milhões são chefiadas por mulheres.

O especialista da Serasa foi questionado sobre a possibilidade de fazer o empréstimo para pagar outras dívidas “mais caras”. “Depende, o importante é analisar os números e ver os juros. Fazer as contas entre a dívida que está sem pagamento e o consignado”, declarou.

A educadora financeira Cinthia Siena avalia que utilizar o empréstimo para pagar outra dívida maior não é a melhor solução. “Se a pessoa pensa em pegar o empréstimo do Auxílio para pagar outras dívidas, é melhor não pegar e deixar para renegociar depois. O dinheiro é para o sustento e é temporário. Há a possibilidade de um Feirão Limpa Nome”, afirmou.

Em meio aos riscos de endividamento e inadimplência deste público, o portal procurou as assessorias da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Cidadania para comentar o assunto, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Desvio de finalidade

Na terça-feira (18/12), o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) pediu uma auditoria sobre o empréstimo consignado concedido aos beneficiários do Auxílio Brasil no período eleitoral em detrimento da finalidade do benefício. A medida atinge principalmente o público feminino, grupo do eleitorado no qual Jair Bolsonaro (PL) sofre mais rejeição.

Por Deborah Hana Cardoso
Foto: Aline Massuca/Metrópoles
Jornalismo Portal Panorama
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