Pesquisa aponta que 43% dos brasileiros não têm dinheiro guardado para imprevistos

Quase metade dos brasileiros não possui dinheiro guardado para lidar com imprevistos. É o que aponta uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (4)  encomendada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro). Segundo o levantamento, 43% dos entrevistados afirmaram não ter reserva financeira, mesmo diante de um cenário de instabilidade econômica e aumento do endividamento.

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Apesar disso, 59% dos brasileiros se consideram razoavelmente, muito ou extremamente planejados financeiramente. O estudo também revelou que 84% da população enfrentou algum tipo de emergência no último ano — como atraso no pagamento de contas, necessidade de pedir dinheiro emprestado, recorrer a crédito ou até ter o nome negativado.

Além disso, quatro em cada dez brasileiros gastaram mais do que receberam no último ano. Mesmo assim, 52% afirmam ter uma boa noção dos próprios gastos mensais, ainda que não saibam o valor exato.

Para o estrategista da Casa Investidor, Michael Viriato, a falta de planejamento financeiro pode ter várias causas, entre elas a percepção equivocada de que a renda é contínua e ilimitada. Ele destaca também o impacto dos parcelamentos sem juros, que muitas vezes escondem custos embutidos e comprometem a renda futura.

“Como as pessoas compram muitos bens e até serviços com parcelamento sem juros, acabam comprometendo toda a renda futura de forma significativa, e nem consideram isso como dívida, embora seja”, explica Viriato.

O especialista ressalta que essa falta de controle impede a formação de reservas para riscos, como perda de renda ou afastamento do trabalho.

A pesquisa também revelou que grande parte da população ainda enfrenta dificuldades para equilibrar as contas. Quatro em cada dez pessoas conseguem pagar as despesas mensais, mas não sobra dinheiro; 19% afirmam que nem sempre conseguem quitar todas as obrigações. Mesmo assim, 64% dizem ter o hábito de planejar os gastos do mês.

Sobre a percepção de bem-estar financeiro, 46% dos entrevistados se dizem insatisfeitos com a condição atual, 38% neutros e apenas 16% satisfeitos. Entre os satisfeitos, 82% afirmam acompanhar de perto as despesas, enquanto entre os insatisfeitos esse número cai para 55%.

O levantamento foi feito com 2 mil pessoas, de todas as regiões do país, das classes A, B e C, com 18 anos ou mais e acesso à internet, entre 16 e 29 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Dificuldade no planejamento a longo prazo

O Datafolha também apontou que o planejamento de longo prazo é uma dificuldade comum entre os brasileiros. Mais de 40% dos entrevistados afirmaram não possuir uma reserva de emergência — e a maioria pertence à classe C (78%).

A pesquisa ainda revelou que 56% já pensaram em realizar um planejamento sucessório, como a distribuição de bens, mas apenas 7% possuem testamento ou plano formal.

Mesmo diante das dificuldades, poucos buscam ajuda profissional. Apenas 2% dos entrevistados afirmam ter contratado um planejador financeiro, embora 49% considerem essa possibilidade. Por outro lado, 57% dizem não contar com nenhum tipo de auxílio para organizar as finanças pessoais.

O estudo evidencia um cenário em que o brasileiro reconhece a importância do planejamento financeiro, mas ainda enfrenta obstáculos para colocá-lo em prática — seja por falta de recursos, de conhecimento ou de orientação adequada.

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7