Justiça não é espetáculo: é responsabilidade de todos nós

Justiça não é espetáculo: é responsabilidade de todos nós
Foto: Arquivo Pessoal

Por: Sebastião Barbosa Gomes Neto — OAB/GO 50.000

Quando adolescentes estão envolvidos em um caso delicado, a sociedade inteira precisa ter consciência do peso de cada palavra, cada comentário e cada informação compartilhada. Não se trata apenas de um episódio isolado — trata-se de vidas em formação, que podem ser marcadas para sempre por julgamentos precipitados.

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Nos últimos dias, temos visto um exemplo doloroso do quanto o tribunal das redes sociais pode ser cruel. Informações sigilosas foram vazadas, nomes de menores expostos e boatos passaram a circular como se fossem verdades absolutas. E aqui cabe uma reflexão: qual é o papel de cada um de nós diante disso?

É fundamental lembrar: a investigação cabe à polícia, a acusação ao Ministério Público e a decisão à Justiça. Nenhum grupo de WhatsApp, nenhuma postagem em rede social tem o poder ou a legitimidade de substituir o devido processo legal. Quando o fazemos, corremos o risco de condenar inocentes no espaço público antes mesmo de qualquer análise oficial.

E qual o resultado disso? Jovens expostos, famílias destruídas, danos emocionais irreparáveis. O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro: crianças e adolescentes devem ter sua honra, imagem e dignidade preservadas em qualquer circunstância. E isso não é apenas um dever do Estado — é um dever de todos nós.

Por isso, antes de compartilhar, antes de comentar, antes de dar “voz” a especulações, é preciso se perguntar: estou ajudando a buscar justiça ou estou alimentando um linchamento moral?

A sociedade tem sim o direito de exigir apuração, mas sem transformar a dor em espetáculo. O que está em jogo é muito maior do que uma notícia — é o futuro de jovens que merecem proteção.

Fica o convite: que possamos refletir, agir com prudência e respeitar os limites da lei. Porque a verdadeira justiça não nasce de boatos, mas de provas; não nasce de cliques, mas do devido processo. E, acima de tudo, não pode ignorar que adolescentes têm direito de crescer sem carregar rótulos impostos pela pressa e pelo julgamento público.

Sebastião Barbosa Gomes Neto — OAB/GO 50.000
Graduado em Direito pela Universidade Federal de Goiás
Pós-graduado em Direito Tributário pelo IBET/GO
Pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário pela PUC/MG
Negociador
sebastiaogomesneto.adv.br

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Redação Portal PaNoRaMa

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