15 de dezembro de 2024
Início da colheita de cana derruba preço do etanol nas usinas

Foto ilustrativa: Elza Fiúza - Agência Brasil

O recuo interrompe um ciclo de alta provocado pela maior procura do combustível como alternativa à gasolina no fim da entressafra.

O início da colheita de cana-de-açúcar começou a fazer efeito no mercado e derrubou os preços do etanol nas usinas de São Paulo na última semana. A queda já começa a chegar aos postos, segundo a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes).

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De acordo com o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, o preço do etanol hidratado nas usinas de São Paulo caiu 8,95% na semana passada, para R$ 3,4965 por litro, o menor valor desde o fim de março.

Já o preço do etanol anidro, que é misturado à gasolina, caiu 3,86%, para R$ 4,0663 por litro, o mais baixo desde a primeira semana de abril.

O recuo interrompe um ciclo de alta provocado pela maior procura do combustível como alternativa à gasolina no fim da entressafra, o que provocou baixa nos estoques, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

As chuvas em abril também atrasaram o início da colheita, o que ajudou a pressionar os preços, diz o Cepea em seu último boletim quinzenal de avaliação do mercado, publicado no dia 20 de abril.

“Embora o preço do etanol anidro nos postos estivesse acima dos R$ 5 por litro nos postos, as distribuidoras precisaram comprar mais etanol na primeira metade de abril”, diz o texto. “Contudo, no fim do período, com as chuvas e filas para pegar o produto nas usinas, a demanda diminuiu.

Em março, as vendas de etanol hidratado somaram 2,36 bilhões de litros, alta de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Os dados de abril ainda não foram divulgados.

Com a escalada dos preços nas usinas, o produto também ficou mais caro nas bombas. Segundo a ANP, o litro do etanol hidratado era vendido na semana passada a R$ 5,539 por litro, em média. Em um mês, o produto ficou 10,4% mais caro.

A pesquisa da ANP encontrou o litro do etanol a quase R$ 7,899 no Rio Grande do Sul. Em nove estados, o combustível podia ser encontrado a mais de R$ 7 por litro.

A alta do etanol anidro repercutiu também no preço da gasolina, que subiu nas últimas três semanas nos postos, mesmo sem reajustes nas refinarias. Na semana passada, o preço médio do produto atingiu novo recorde no país, chegando a R$ 7,283 por litro, segundo a ANP.

O valor é 0,2% superior ao recorde anterior, atingido há duas semanas, de R$ 7,270 por litro. O último reajuste da gasolina nas refinarias foi no dia 11 de março, quando a Petrobras anunciou um mega-aumento nos preços dos combustíveis.

Em março, o governo chegou a anunciar isenção da tarifa de importação sobre o anidro, em uma tentativa de reduzir a pressão sobre os preços, mas o mercado avalia que a medida tem pouco impacto, já que a parcela do produto que vem do exterior é pequena.

O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, disse à reportagem que as distribuidoras já começaram a entregar etanol mais barato, o que deve se refletir na próxima pesquisa semanal de preços dos combustíveis da ANP.

Segundo ele, na semana passada seus fornecedores reduziram o preço em R$ 0,20 por litro. Esta semana, diz, houve novo corte, de R$ 0,10. “Já repassei aos meus clientes”, afirmou.

Com a escalada de preços nas últimas semanas, o etanol deixou de ser viável como alternativa à gasolina na maior parte do país. Na semana passada, por exemplo, usar o produto só era vantajoso em apenas dois estados: Goiás e Mato Grosso.

Em São Paulo, principal produtor do país, o preço médio do etanol hidratado equivalia a 76% do preço médio da gasolina, acima dos 70% considerados ideais pelo mercado para compensar o menor rendimento dos motores.

Com menor competitividade, diz o diretor técnico da Unica Antônio de Pádua Rodrigues, a demanda pelo produto caiu, ajudando a derrubar o preço nas usinas. “A safra efetivamente começou, houve incremento na oferta e redução da demanda por perda de competitividade. Agora vamos ver se chega ao consumidor.”

Fonte: FolhaPress
Foto: Elza Fiúza – Agência Brasil
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