Fugas e superlotação expõem fragilidade de presídio em Jataí

Cerca de 25 presos já fugiram do presídio de Jataí, a 327 quilômetros de Goiânia, desde o início do ano, em quatro grandes fugas registradas na unidade. A última aconteceu por volta das 3 horas de ontem, quando dois dos três agentes penitenciários estavam no descanso e apenas um tomava conta do presídio com capacidade para 40 detentos, mas que abrigava 350 na hora da fuga.

Fugiram 12 detentos de alta periculosidade, após furarem a parede da cela 21 e pularem o muro do presídio. O servidor público ainda atirou para intimidar os fugitivos, mas isso não os impediu. Apesar do trabalho das Polícias Civil e Militar da cidade, nenhum dos 12 fugitivos foi recapturado até o fechamento desta edição.

Para o promotor de Justiça da Vara de Execuções Penais de Jataí, Paulo de Tharso Brondi, a estrutura do local é fragilizada. “A obra de ampliação começa e para. Dura dois dias e para. Precisa terminar, mas é necessário mais que isso”, diz, referindo-se ao pouco efetivo na unidade.

Ele afirmou que não vai pedir a interdição do presídio porque precisa de uma solução mais efetiva. “Isso não está em cogitação. Para onde levaria esses presos? O governo fala que é prioridade construir presídios, mas não vejo isso aqui”, acrescenta o promotor.

Para Brondi, o presídio de Jataí é o pior do Estado, definindo-o como “depósito de gente presa, com detentos morando em redes até quase o teto”.

Os foragidos já tiveram as prisões preventivas decretadas ontem pela Justiça. “As polícias estão fazendo o possível, mas o efetivo delas também é insuficiente para tudo. Os crimes em Jataí e em Rio Verde aumentaram muito”.

Um dos foragidos, Raí Moreira de Oliveira, foi condenado a cumprir em regime inicialmente fechado uma pena de 20 anos pelo assassinato de um adolescente de 13 anos. A vítima foi morta durante uma troca de tiros do autor com a polícia. O adolescente trabalhava em um bar e foi atingido por um dos tiros disparados por Oliveira, que ainda será julgado por outros dois homicídios ocorridos na cidade. Os outros foragidos têm antecedentes por homicídio, roubo de veículos, roubo e tráfico de drogas.

Rosana Melo / O Popular
Foto: Vânia Santana / Arquivo PaNoRaMa