
A conclusão da colheita da soja em importantes regiões produtoras do país tem provocado queda nos preços dos fretes rodoviários, especialmente nas principais rotas de escoamento de grãos. Essa é a constatação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em sua mais recente edição do Boletim Logístico, referente ao mês de abril, divulgada no site da estatal.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional da oleaginosa, foi registrada redução nas cotações de transporte em todas as rotas avaliadas. A diminuição teve início nas regiões onde a colheita foi finalizada mais cedo, refletindo diretamente na demanda por serviços logísticos. O movimento de baixa também foi observado em Goiás, Piauí, Maranhão e Paraná — neste último, com exceção das rotas originadas em Ponta Grossa, que apresentaram elevação.
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Na Bahia, o cenário foi de estabilidade a alta, a depender da localidade. Já no Distrito Federal, houve aumento generalizado nos preços durante o mês de março, com destaque para as rotas com destino às cidades mineiras de Araguari e Uberaba. Apesar disso, a expectativa para os próximos meses é de estabilização nos valores, influenciada por fatores como a variação cambial, os preços dos combustíveis e a menor procura por transporte com o fim do pico da colheita.
Mato Grosso do Sul manteve a tendência de preços elevados, típica do período de escoamento das culturas de verão. O fluxo de transporte em março foi consideravelmente maior que nos meses anteriores, impulsionado principalmente pelo volume de soja transportado, que quase triplicou em relação a fevereiro. Situação semelhante foi registrada em Minas Gerais, com intensa movimentação de grãos nos meses de fevereiro e março, impulsionada pela maior produção e pela valorização das commodities. Em São Paulo, embora as cotações também tenham subido, os aumentos ocorreram em patamares mais moderados.
A Conab destaca que, apesar da retração atual, a expectativa é de movimentação significativa da logística com a chegada da safra do milho, o que pode sustentar os preços dos fretes nos próximos meses. Outro fator de influência é a disputa comercial entre Estados Unidos e China, que pode redirecionar a demanda internacional para o mercado brasileiro, pressionando positivamente os valores do transporte rodoviário.
No campo das exportações, os embarques de milho em março somaram 5,9 milhões de toneladas, volume inferior aos 7 milhões registrados no mesmo mês de 2024. O porto de Santos permaneceu como o principal ponto de escoamento, com 29,1% da movimentação, seguido pelos portos do Arco Norte (26,3%), São Francisco do Sul (16%) e Paranaguá (12,7%).
As exportações de soja, por sua vez, atingiram 22,2 milhões de toneladas no mesmo período. O porto de Santos respondeu por 36% desse volume, enquanto os portos do Arco Norte movimentaram 34,4%. Paranaguá e Rio Grande completam a lista, com participações de 15,8% e 3,4%, respectivamente.
O Boletim Logístico da Conab realiza o monitoramento do mercado de fretes em dez estados produtores, analisando as dinâmicas logísticas da agropecuária nacional, o desempenho das exportações agrícolas, os principais fluxos de transporte e as rotas utilizadas para escoamento da produção. A publicação também apresenta dados sobre a entrada de adubos e fertilizantes e o deslocamento de estoques da estatal, feito por transportadoras contratadas via leilão eletrônico.
Por Victor Santana Costa
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7