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Beleza limpa (ou clean beauty, em inglês) tornou-se um movimento global em ascensão, mas ainda há muita desinformação.

Um relatório de julho do ano passado do NPD Group apontou que aproximadamente 68% dos consumidores alegaram que estão procurando marcas de cuidados com a pele que destacam ingredientes “limpos”. No entanto, você sabe o que significa, realmente, beleza limpa?

Ainda não é uma definição concreta do termo, mas a ideia principal é a de marcas e produtos que levam em consideração o bem-estar das pessoas e do planeta ao serem desenvolvidos, fabricados ou vendidos. Ou, ainda, itens comercializados sem ingredientes artificiais prejudiciais.

Beleza limpa (ou clean beauty, em inglês) tornou-se um movimento global em ascensão. E os dados do NPD Group comprovam isso. Nós, seres humanos, temos incorporado essa nova linguagem em nosso vocabulário (e rotina) na tentativa de sermos consumidores conscientes. Entretanto, muito do que vemos por aí é completamente falso. Ainda há muita desinformação envolvendo o comércio de itens de beleza e bem-estar que nos deixam ainda mais confusos.

Dependendo da região, empresas podem falar o que quiserem sobre seus lançamentos “supostamente limpos ou sustentáveis”, e não há regulamento forte o bastante para verificar os fatos. A verdade é que devemos esclarecer alguns pontos a fim de estarmos bem informados na hora da compra de um produto.

A seguir, confira seis mitos da beleza limpa que devemos desmascarar de vez:

1º mito: ingredientes naturais são melhores do que ingredientes sintéticos

A proposta de que ingredientes “naturebas” são superiores aos sintéticos é um verdadeiro engano. Quem explica isso é a comunicadora científica Jen Novakovich. Ela afirmou ao portal gringo Cosmopolitan que alguns dos componentes mais venenosos do mundo, “como a toxina botulínica e o arsênico, vêm da natureza”.

Pode não parecer, mas os ingredientes naturais também são difíceis de serem trabalhados no processo de formulação de produtos. Logo, sua eficácia e segurança podem ser duvidosas.

Vale acrescentar que, como esses componentes originam-se do meio ambiente, a fórmula pode variar com o tempo, conforme o clima ou até mesmo o solo da região. Visto isso, de acordo com Jen Novakovich, é muito mais fácil operar com ingredientes sintéticos nos quesitos pureza, consistência e segurança.

Tal afirmativa não elimina a ideia de que ingredientes naturais e à base de plantas não sejam uma boa escolha. Nesse caso, a dermatologista Ranella Hirsch destacou o chá-verde, a babosa e o açafrão, que são “incrivelmente” eficazes, desde que sejam usados corretamente em uma fórmula.

2º mito: fórmulas limpas é o mesmo que fórmulas suaves

Considera-se outro erro acreditar que limpo e suave são sinônimos. Basta pensar nos óleos essenciais, extratos cítricos ou fragrâncias naturais que também podem causar irritação na pele e alergias. Ainda, os conservantes usados em “produtos limpos” não são tão bem estudados quando os que compõem os produtos convencionais, segundo a médica.

Por outro lado, existe um amplo leque de opções sintéticas comprovadamente hipoalergênicas e seguras para cútis sensíveis. E mais: profissionais têm a capacidade de remover a porção alergênica do ingrediente em um laboratório. O melhor conselho? Ser crítico e seletivo na hora de comprar um produto suave, caso sua pele seja sensível.

3º mito: beleza limpa e natural é mais sustentável

Mais uma máxima que, infelizmente, não é verdade. Claro que diversas empresas que fabricam produtos limpos e naturais estão de olho no “ecologicamente correto”, mas a sustentabilidade é um conceito muito maior do que podemos imaginar. E pior: alguns ingredientes naturais podem contribuir, sim, para mudanças climáticas.

“Sabemos que a agricultura é uma das atividades mais prejudiciais ao meio ambiente que fazemos como sociedade”, esclareceu Jen Novakovich. “Isso perturba a biodiversidade e também contribui para as emissões de CO2″, acrescentou.

É importante lembrar, ainda, a respeito da escassez de terra, que ocorre à medida que a população mundial continua a crescer. Nesse cenário, não faz sentido “explorar” a terra com o único propósito de cultivar componentes naturais ou à base de plantas para cosméticos. Sob uma visão geral e mais ampla, fabricar com ingredientes sintéticos em um laboratório, muitas vezes, na opinião da especialista, coloca significantemente menos pressão sobre o meio ambiente.

4º mito: produtos livres de química, conservantes e toxinas são mais seguros

Anote: rótulos que incluem as expressões “sem produtos químicos”, “sem conservantes” e “sem toxinas” são tão enganosos que a própria União Europeia proibiu as empresas de usá-las em suas embalagens.

Nos Estados Unidos, todavia, a regra não é a mesma. Assim sendo, as marcas podem colocar qualquer um desses termos em um hidrante facial ou gloss labial sem medo.

A questão se torna problemática a partir do momento em que as marcas que não incluem essas informações nos rótulos passam a mensagem de que são perigosas ou ruins para o comprador, o que não é o caso.

Aprenda a decodificar os rótulos:

  • Não existe um produto livre de químicas, pois, por definição, um produto químico é qualquer substância que consiste em matéria. Isso significa que a água e o ar, por exemplo, são um produto químico. Ou seja, tudo é um produto químico.
  • Se você deseja um cosmético sem conservantes, tenha a certeza de mantê-lo armazenado na geladeira e substituí-lo a cada três dias. “A maioria das fórmulas contém água e os conservantes são o que impedem que bactérias nocivas e mofo cresçam nelas”, disse a dermatologista.
  • Toxicidade está totalmente relacionada à dosagem. “Qualquer ingrediente – até mesmo água – pode ser tóxico dependendo da quantidade”, falou a especialista ao portal. “Pêssegos, mesmo os naturais e orgânicos, liberam formaldeído tóxico, mas ainda os comemos, certo?”, exemplificou. Logo, podemos concluir que o ingrediente em si não necessariamente importa, mas sim sua dosagem.

5º mito: sua pele absorve 60% do que você coloca nela

Para começar, temos que saber que a nossa cútis possui uma barreira consideravelmente eficiente. Ela é projetada para manter poluentes do lado de fora. Isto posto, para uma fórmula ou ingrediente penetrar na pele, há muitos detalhes envolvidos.

“Existem muitos fatores em jogo quando se trata de absorção de produtos, incluindo a saúde de sua pele e o tamanho, carga e composição química de uma molécula”, explicou Ranella Hirsch.

Mesmo que uma substância penetre na derme, isso não significa que ela entrará automaticamente na corrente sanguínea.

6º mito: a indústria de cosméticos dos Estados Unidos não é regulamentada

As regulamentações de cosméticos dos Estados Unidos podem ser menos rígidas do que em outros lugares, mas vender um produto tóxico ou venenoso é 100% ilegal no país. O mercado local, por si só, já é muito litigioso, o que faz com que empresas se regulem propositalmente, para evitar processos.

Então, a ideia de que marcas formulam itens que vão nos prejudicar é algo falso, conforme acredita a dermatologista.

“É do interesse financeiro de uma marca criar o produto mais seguro possível para os consumidores ”, contribuiu Jen Novakovich. “Eles têm o conhecimento científico para trazer os melhores e mais seguros produtos ao mercado, não faz sentido para cortar custos e arriscar uma ação judicial coletiva ou danos à sua reputação”, completou.

O fato de que os cosméticos não passam pelo mesmo processo regulatório que em outros países não significa que a agência regulatória dos EUA permita que as empresas joguem o que quiserem em suas fórmulas.

Por Rafaela Amaral, Claudia Meireles
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Panorama
panorama.not.br

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