
Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Columbia University School of Public Health e do Butler Columbia Aging Center revelou que perder uma pessoa amada pode acelerar o envelhecimento biológico. A pesquisa destaca que o luto pode ter efeitos profundos e duradouros na saúde.
Os cientistas definem o envelhecimento biológico como o declínio gradual da saúde funcional das células, tecidos e órgãos, o que aumenta o risco de doenças crônicas. Esse processo é avaliado por meio de marcadores de DNA conhecidos como relógios epigenéticos.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Allison Aiello, professora de saúde da longevidade da James S. Jackson e autora principal do estudo, explicou que poucos estudos anteriores analisaram o impacto da perda de entes queridos sobre esses marcadores de DNA, especialmente em amostras representativas da população dos EUA. “Nosso estudo mostra fortes ligações entre a perda de entes queridos ao longo da vida, da infância à idade adulta, e o envelhecimento biológico mais rápido nos EUA”, afirmou Aiello.
O estudo sugere que o impacto do luto no envelhecimento pode ser observado antes da meia-idade e pode contribuir para disparidades relacionadas à saúde entre diferentes grupos raciais e étnicos. Os pesquisadores usaram dados do National Longitudinal Study of Adolescent to Adult Health, que acompanha participantes desde a adolescência até a idade adulta.
Os participantes foram acompanhados em vários períodos, chamados de “ondas”. Na primeira onda, foram entrevistados 20.745 adolescentes entre 12 e 19 anos. A quinta onda, realizada entre 2016 e 2018, incluiu 12.300 entrevistas dos participantes originais. Na última onda, amostras de sangue foram coletadas de quase 4.500 participantes para a realização de testes de DNA.
A pesquisa analisou as perdas sofridas durante a infância e adolescência (até os 18 anos) e na vida adulta (entre 19 e 43 anos), além do número total de perdas enfrentadas. Os dados sobre envelhecimento biológico foram avaliados a partir da metilação do DNA do sangue usando relógios epigenéticos.
Os resultados mostram que quase 40% dos participantes experimentaram, pelo menos, uma perda de ente querido na vida adulta. A perda parental foi mais comum na vida adulta (27%) do que na infância e adolescência (6%). A proporção de participantes que relataram perdas foi maior entre os negros (57%) e hispânicos (41%), em comparação com os brancos (34%).
Além disso, aqueles que sofreram duas ou mais perdas apresentaram idades biológicas mais avançadas de acordo com os relógios epigenéticos. A perda de dois ou mais entes queridos na vida adulta mostrou uma relação mais forte com o envelhecimento biológico do que uma única perda ou a ausência de perdas.
A idade em que a perda ocorre também parece influenciar o envelhecimento. Segundo Aiello, perdas na infância, como a de um dos pais ou irmãos, podem ser particularmente traumáticas, aumentando o risco de doenças mentais e físicas. Perdas repetidas podem elevar o risco de doenças cardíacas, mortalidade e demência, com impactos que podem persistir por longos períodos.
“Ainda não compreendemos totalmente como a perda contribui para a saúde precária e a mortalidade elevada, mas o envelhecimento biológico pode ser um mecanismo sugerido em nosso estudo. Pesquisas futuras devem focar em reduzir perdas desproporcionais entre grupos vulneráveis e fornecer recursos adequados para lidar com o trauma da perda”, concluiu Aiello.
A pesquisa destaca a importância de compreender o impacto do luto e a necessidade de suporte adequado para aqueles que enfrentam a perda de entes queridos.