Uma nova pesquisa realizada por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, identificou mecanismos do sistema de prazer e recompensa. O estudo, publicado no periódico Nature, avança compreensão da ciência sobre o vício e a depressão e pode melhorar os tratamentos para esses distúrbios.
Por meio de experimentos em camundongos, os pesquisadores descobriram que a comunicação entre duas regiões do cérebro, o hipocampo e o núcleo accumbens, é essencial para o processamento de informações relacionadas ao estímulo recompensador.
Enquanto o hipocampo é responsável pela memória, o núcleo accumbens é conhecido como o “centro do prazer” e tem relação com a via de recompensa.
A comunicação entre essas regiões é mais forte no vício, embora os mecanismos subjacentes sejam desconhecidos. O enfraquecimento de suas conexões poderia explicar o defeito no processamento de recompensa que causa o sintoma de anedonia em pacientes deprimidos. Anedonia é a perda da capacidade de sentir prazer.
Testes em ratos
Para ativar ou inibir esse circuito-chave no cérebro dos ratos, os pesquisadores usaram proteínas sensíveis à luz em neurônios específicos dos animais.
A proteína estimulou os neurônios, fazendo com que uma exposição de apenas quatro segundos à luz ativasse a conexão entre o hipocampo e o núcleo accumbens e ainda reforçasse a intensidade dos sinais, criando uma memória artificial de recompensa.
Um dia depois, os ratos retornaram ao local onde a memória artificial foi criada. Os pesquisadores então usaram a luz para silenciar a conexão entre as regiões do cérebro em camundongos com outra proteína sensível à luz, mas dessa vez ela inibia os neurônios. Os ratos não mostraram mais preferência pelo lugar onde interagiram com outro rato, ou seja, os cientistas descobriram que a conexão entre o hipocampo e o núcleo accumbens é necessária para associar uma recompensa à sua localização.
Em camundongos deprimidos, no entanto, o uso da proteína sensível à luz não fez efeito. Somente após tratar os animais com um medicamento antidepressivo, a equipe conseguiu melhorar a conexão entre as regiões do cérebro usando a proteína sensível à luz. Após fazerem essa conexão ser mais eficaz, eles criaram memórias de recompensa artificiais nos camundongos.
Segundo os cientistas, os resultados os deixam mais próximos de entenderem o que há de errado nos cérebros de pacientes clinicamente depressivos. Isso pode fazer com que, no futuro, tratamentos eficazes entrem em cena.
Fonte: UOL
Jornalismo Portal Panorama