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Julho será mês de férias, mas os estudantes da terceira série do Ensino Médio da rede estadual poderão usar o período para se preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Nós vamos colocar aulas todos os dias de revisão e reforço de conteúdo”, revelou a titular da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Fátima Gavioli. Durante entrevista ao POPULAR transmitida pelo Facebook, a secretária reafirmou que esses estudantes fazem parte de um dos grupos prioritários para o retorno das aulas presenciais, com plano de volta às salas em 24 de agosto, caso não haja uma piora no quadro da pandemia.
Gavioli trabalha com perspectiva de que as provas do Enem sejam aplicadas em dezembro deste ano. Para isso, aposta que os alunos interessados vão trocar o período de descanso pela revisão do conteúdo. As vídeoaulas vão ficar todas disponíveis no site da Seduc (www.portal.educacao.go.gov.br). Nesse período, os estudantes também vão contar com o canal Goiás Bem no Enem, no Youtube. O reforço para o exame nacional também será transmitido pela TV Brasil Central, pelo programa Seduc em Ação, diariamente às 10 horas.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fará uma enquete on-line com os estudantes inscritos no Enem 2020 para que eles possam escolher a data de aplicação das provas. A previsão é que a votação fique disponível entre os dias 20 e 30 de junho, com três opções de datas, nos meses de dezembro deste ano, janeiro ou maio de 2021.
Apesar de admitir que nem todo o conteúdo tenha sido repassado aos alunos, a secretária disse ser “super a favor” da aplicação do Enem ainda neste ano e totalmente contra o cancelamento das provas. “Nós temos alunos que estão se preparando há mais de um ano e eles merecem ter oportunidade (de fazer o Enem). Se quiserem fazer outra prova no início do ano que vem, podem fazer. Mas eu sou contra suspender o Enem.”
A secretária também voltou a destacar a terceira série do Ensino Médio como o segundo grupo previsto para a retomada das aulas presenciais. O primeiro será composto pelos estudantes que não participaram das atividades de ensino remoto ministradas ao longo dos últimos três meses.
“Como a gente sabe que (essa faixa) não está em uma idade que as estatísticas apresentaram como grupo de risco, nem que apresente complicações (por conta da Covid-19), a nossa pretensão é deixar a terceira série em aula (presencial) até que consiga fazer a prova. É uma questão de justiça com o último ano do Ensino Médio”, afirmou Gavioli.
A gestora admite que há resistência de uma parcela da comunidade escolar no retorno à modalidade presencial, por temor dos riscos da pandemia. “É lógico que eu estou recebendo no meu WhatsApp milhares de mensagens de professores, pais de alunos e etc pedindo pelo amor de Deus que os deixe remotos até o fim do ano”, diz.
Para deixar o aluno estudando em casa, a secretária diz que é preciso haver uma legislação. “Embora hoje tenha saído uma portaria do Ministério da Educação dizendo que, no ensino superior, estão liberadas até dezembro as aulas não-presenciais, para a educação básica e fundamental a gente precisa de resolução do Conselho Estadual de Educação.”
Aulas remotas
Apesar da questão burocrática, a secretária procurou, durante a live, tranquilizar as famílias que preferem manter os adolescentes longe das salas de aulas. “Ao pai que não interessar, o filho também terá direito ao conteúdo remoto e às aulas através da televisão. O que tem que ter é um planejamento, porque também há pais que querem que seus filhos voltem”, afirmou.
Segundo a secretária, todo o gabinete de crise instituído para discutir o enfrentamento ao novo coronavírus na educação trabalha com a ideia de permitir a continuidade do ensino não presencial. “É direito do pai deixar o filho na escola comigo, mas também é direito do pai não deixar. As aulas remotas, pela televisão, pelo portal, por apostila, elas continuarão”, afirmou. Nesse caso, o estudante só deverá ir ao colégio para fazer a avaliação. A regra deverá valer para servidores do grupo de risco, que seguirão em teletrabalho enquanto durar a pandemia.
Rodízio
Conforme informou o POPULAR, a Seduc pretende adotar o esquema de rodízio no retorno às aulas. Mas assim como a prorrogação da possibilidade de ensino remoto, o escalonamento dos alunos também depende de normativas tanto do Conselho Estadual de Educação quanto da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO).
“Quando nós formos retornar vai ter que ter uma legislação para isso dizendo: 15% dos alunos serão atendidos na sala, os demais continuarão sendo atendidos de forma remota. Precisa de rodízio, precisa da rotatividade de alunos dentro da escola porque não há espaço para todos dentro das normas de segurança que a Saúde e a OMS exigem”, justificou.
No novo normal, as escolas da rede estadual de ensino vão trabalhar com microturmas. “A escola que tem acima de 500 alunos, o aluno que estiver estudante hoje só volta para a sala daqui uma semana. E se a escola for muito grande, como lá no Entorno de Brasília, é possível que ele vá de 15 em 15 dias, ou até de 21 em 21 dias.”
Segurança
Sobre a segurança no retorno das aulas presenciais, a secretária relatou que há uma equipe dentro do gabinete de crise que trabalha na elaboração do protocolo de biossegurança. A proposta será levada ao gabinete de crise da Secretaria de Saúde, que deverá aprovar ou recomendar ajustes.
Gavioli listou, de forma resumida, as principais orientações: espaço de 1,5 metro de um aluno para o outro, com as carteiras demarcadas para observar esses espaços; não haverá intervalo em que o aluno sai para a cantina (a secretária fala em voltar ao tempo em que a merenda era oferecida no prato); o tratamento especial que se deve dar ao lixo; a saída da sala para lavar as mãos; o uso do álcool, a máscara de acrílico e a máscara de tecido.
A cada oito dias, a ideia é parar tudo e fazer uma desinfecção nos espaços. “As escolas estão recebendo recursos tanto do governo federal quanto estadual para que possam adquirir os produtos e desinfetar as unidades”, afirmou a secretária.
Face shield
A secretária detalhou como será a oferta do face shield para alunos. “Eu vou disponibilizar uma máscara de acrílico que pode ser lavada, limpa com álcool gel, que ao chegar em casa o aluno deve guardar com cuidado”, disse. Segundo ela, caso algum aluno esqueça o equipamento de proteção individual (EPI) uma vez, será oferecido um dispositivo reserva. No entanto, destaca que precisará do apoio dos pais para evitar que o estudante vá à escola sem o material.
“Imagina se cada vez que esse aluno for para casa ele me voltar sem a máscara, e a gente sabe que isso vai acontecer. É um investimento muito alto na biossegurança dos alunos e a gente vai precisar do apoio dos pais. Tem que ser uma via de mão dupla, comigo e com as famílias”
Para ofertar essas máscaras aos estudantes, a gestora diz que o Ministério Público está fazendo um trabalho para conseguir doações. “Vamos ver quantas vamos conseguir, e o que a gente não conseguir sabemos que vamos ter que comprar. Nesse momento eu até prefiro fazer um convênio com a Saúde do que a Seduc comprar esses EPIs. Porque acaba não sendo um elemento de despesa muito comum dentro da secretaria, a gente vai comprar e dá problema.”
Currículo de 2021 será adaptado para preencher lacunas
O currículo do ano letivo de 2021 será adaptado para preencher a lacunas de aprendizagem que forem detectadas pela Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc). Para verificar o conteúdo que foi assimilado pelos estudantes nos meses de ensino não presencial, a pasta pretende realizar um plano de nivelamento, previsto para iniciar no mês de outubro deste ano.
“Em 2021, com certeza o currículo será alterado. Nós teremos, dentro de 2021, parte dos conteúdos de 2020 sendo diluídos no nosso primeiro bimestre”, adianta a secretária Fátima Gavioli.
A partir de outubro, a equipe que trabalha em um plano de nivelamento de 2021 fará um diagnóstico. As avaliações serão aplicadas com base no conteúdo que foi possível de ser repassado. “E os que foram aprovados, mas não aprenderam todo o conteúdo que deveriam? Ela fará em 2021 a parte que perdeu em 2020”, explicou.
Gavioli também diz que o diagnóstico vai levar em conta as questões emocionais. “Porque a gente sabe que nunca um aluno teve que se esforçar tanto para aprender sozinho como foi neste período.” A avaliação será feita pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Fonte: O Popular
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