Disfunção erétil, perda do desejo sexual e ejaculação precoce: esses são os principais problemas sexuais enfrentados pelos homens. Mas eles têm solução? Sim. O portal ouviu médicos que explicam as melhores saídas de acordo com a raiz dos problemas.
Disfunção erétil
Até pouco tempo atrás, os comerciais vendiam a solução para a “impotência”. Os médicos alertam que a palavra passou a não ser mais usada por ser considerada pejorativa.
A disfunção erétil é o principal problema sexual vivido pelos homens. Eduardo Bertero, coordenador-geral do Departamento de Sexualidade Humana da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) explica o que é a doença:
“A definição de disfunção erétil é a incapacidade persistente de produzir ou manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória há pelo menos seis meses”.
Mas o que pode levar ao problema? De acordo com Bertero, “o pênis funciona como um vaso sanguíneo”.
“O que faz mal para um vaso sanguíneo também vai fazer mal para a saúde do pênis. Aumento do colesterol, vida sedentária, tabagismo, diabetes, obesidade, são alguns dos fatores de risco para uma disfunção erétil”.
Os médicos separam as causas em dois tipos: orgânicas e psicológicas. O urologista Sidney Glina, especialista na área, diz que a raiz principal da disfunção é emocional.
“A insegurança em relação à ereção é o problema que mais afeta o homem”, avaliou.
Os fatores psicológicos são variados, como medo de gravidez e com depressão. Há também a disfunção erétil situacional, quando o paciente tem uma ereção normal com a esposa, mas não tem com a amante, e vice-versa. Perda de emprego e viuvez também podem causá-la.
Nestes casos, o tratamento mais recomendado é a psicoterapia especializada. Segundo Glina, é possível resolver o problema momentaneamente com o uso de remédios, mas apenas a recuperação da segurança é que traz a cura definitiva.
“O ideal é conseguir tratar a causa emocional e tomar um remédio. Se a primeira parte não for feita [ir ao psicólogo], o paciente vai precisar tomar o remédio para sempre. A psicoterapia é o único tratamento que realmente cura”, explica.
Há também as causas orgânicas: é muito comum homens que precisam passar por cirurgias pélvicas. Betero diz que 1 em cada 7 homens terá câncer de próstata, sendo que um dos tratamentos é a cirurgia. Isso pode lesionar um dos nervos que impossibilitam a ereção.
Viagra e variações
Glina diz que a grande evolução no tratamento para disfunção erétil ocorreu com a descoberta dos remédios que garantem a ereção, como o Viagra, há 20 anos. Eles funcionam da seguinte maneira: o homem produz uma substância dentro do pênis chamada GMP cíclico (monofosfato cíclico de guanosina) e é ela que começa o mecanismo da ereção. Há, também, uma enzima que destrói o GMP cíclico.
“Vamos supor que o homem tenha ’10 bolinhas’ do GMP cíclico. A enzima vai lá e destrói oito. O remédio diminui essa ação para facilitar a ereção”, explica Glina.
O tratamento com remédios e psicoterapia é chamado de primeira linha, de acordo com Bertero. Ele aponta que há outras saídas para os cerca de 30% que não reagem às pílulas como o Viagra.
A segunda linha consiste em injeções no corpo cavernoso do pênis. “Ensinamos o paciente a fazer uma injeção peniana e ele vai conseguir ter uma relação sexual normalmente”, disse.
Bertero diz que, apesar de a injeção ser feita para não causar muita dor, muitos pacientes não conseguem se acostumar. Uma pequena parcela não tem o resultado esperado.
“Aí vamos para uma terceira linha de tratamento, a prótese peniana. É o implante das hastes de silicone dentro do corpo cavernoso. Isso mantém o pênis ereto, com uma prótese maleável e semi-rígida”, explica.
Há uma prótese inflável, hidráulica, mas que não está disponível na rede pública de saúde. De acordo com Bertero, nas clínicas privadas o procedimento completo pode chegar a R$ 100 mil.
Ainda dentro da “terceira linha” de tratamento, há o uso de ondas de choque eletromagnéticas. São até seis sessões em que o médico posiciona um aparelho em direção ao pênis e tenta cobrir a maior parte do órgão.
Essas ondas, de acordo com pesquisas publicadas em 2010, aumentam a irrigação sanguínea no pênis, que é o que garante a ereção. O tratamento é caro, mas as sessões são rápidas: duram menos de 30 minutos.
Redução do desejo sexual
Os médicos são claros: é cada vez mais comum a falta de desejo sexual entre homens.
A libido está ligada às taxas de testosterona, hormônio masculino, também encontrado nas mulheres, e que tem o seu pico na adolescência. É natural que os índices caiam após os 50 anos e haja uma redução na atração.
“Não é só hormonal. O homem também pode ter problema de libido por questão psicológica. No chamado desejo sexual hipoativo masculino, ele tem todos os exames normais, mas por alguma razão desconhecida não tem desejo sexual. Não adianta dar Viagra, não adianta dar hormônio”, explica Bertero.
Glina aponta que as causas psicológicas também estão ligadas à depressão, pressão no trabalho e estresse.
“Hoje acho que a falta de desejo é a segunda maior causa de problemas da saúde sexual masculina. A reposição hormonal é para quem precisa de hormônio. Muitas vezes a raiz é emocional. Essa história de dar testosterona para todo mundo está errada”, lembrou.
Nestes casos, quando não há desregulação do hormônio, a saída é a psicoterapia especializada. Os remédios disponíveis não resolvem a questão, já que a ereção só é “ativada” com a excitação do homem.
Ejaculação precoce
Há uma discordância com relação à definição de ejaculação precoce. Algumas instituições médicas definem como a incapacidade de manter a ereção por mais de dois minutos dentro da vagina da companheira. Outras falam em um minuto.
“Eu acredito que é ‘quando o homem não tem o controle voluntário da ejaculação, de tal maneira que ele ejacula antes que ele deseje’, disse Bertero. “Agora, se ele ficou 10 minutos dentro da vagina, não há ejaculação precoce. Ele só acha que tem”, completa.
“Envolve três conceitos: uma ejaculação rápida, uma sensação de falta de controle e um incômodo no casal”, avalia Glina.
Segundo o urologista, uma pesquisa que durou 10 anos mostrou que o tempo mediano normal dos homens é de cinco minutos.
Nessa doença, as causas são psicológicas. Há alguns casos em que surgem suspeitas para motivações orgânicas, como uma hipersensibilidade da glande (a “cabeça” do pênis), mas sem uma frequência considerável.
“É muito prevalente porque atinge homens de qualquer idade, embora haja uma predominância maior nos jovens abaixo de 25 anos. Ocasiona grandes problemas em termos de qualidade de vida”, diz Bertero.
Ansiedade em satisfazer a parceira e insegurança são as causas mais recorrentes. Nestes casos, o tratamento também é feito com psicoterapia especializada.
Os remédios utilizados para prolongar a ereção no Brasil são antidepressivos. Bertero diz que um dos efeitos é retardar o processo e, com doses menores, pode-se diminuir os efeitos colaterais.
“O remédio antidepressivo vai aumentar a serotonina no Sistema Nervoso Central e isso retarda o gatilho da ejaculação”.
Há um único medicamento realmente criado para o tratamento da ejaculação precoce, a dapoxetina, mas nenhum laboratório passou a fabricar no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária já aprovou a substância, então é possível mandar manipular. O paciente precisa tomar 1 hora antes da relação.
Fonte: G1
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