O decreto 9.741, publicado em edição extra do Diário Oficial da União no dia 29 de Março foi responsável pelo corte de R$ 29,582 bilhões do Orçamento Federal de 2019. Só a Educação perdeu R$ 5,839 bilhões, aproximadamente um quarto do orçamento total previsto originalmente, de R$ 23,699 bilhões. As despesas discricionárias envolvem desde investimentos em universidades federais até a compra de materiais básicos para o funcionamento dos serviços públicos.
Os cortes no orçamento da educação podem causar a perda da bolsa de mais de 200 mil pessoas, segundo o Conselho Superior da Capes. A medida afeta diretamente na Universidade Federal de Jataí, como uma universidade recém emancipada da Universidade Federal de Goiás.
Em entrevista ao Portal Panorama, bolsistas da universidade demonstraram preocupação com o futuro de suas formações acadêmicas.
“Sou discente da Universidade Federal de Jataí de psicologia e sou bolsista, o auxílio que ganho é praticamente o que me banca (fazendo bastante economias) na cidade, pois não morava aqui, tive coragem de vir para outra cidade estudar confiando na possibilidade de ganhar alguma bolsa. No curso de psicologia, muitos universitários vieram de outros estados, alguns também ganham bolsa e conseguem se manter graças a ela. O custo de vida de Jataí não é barato, e para um universitário que não morava aqui, são muitas as despesas, como aluguel, água, energia, internet, alimentação entre outros gastos. Além disso, precisamos de materiais como livros e xerox, pois muitos materiais utilizados no curso não são disponibilizados pela Universidade, e o pouco de material que tem pode diminuir com os cortes, o que torna ainda mais difícil prosseguir com a graduação”, diz uma aluna de psicologia na UFJ que preferiu não ser identificada.
Muitos alunos, assim como ela, contam com a assistência financeira da universidade para cobrir os custos diários da formação. Os três tipos de bolsa, permanência, alimentação e auxílio moradia, além das bolsas de monitoria, projetos de extensão e projetos de pesquisa ajudam a compor o orçamento de centenas de alunos na UFJ.
“Com esse novo governo, infelizmente, estamos lidando com muitos cortes de orçamentos na educação, que afetam diretamente os universitários não só de Jataí como os de todo Brasil, assim como todos que trabalham na área de educação, prejudicando a formação de pesquisadores que poderiam contribuir para áreas críticas para o progresso do país”, completa a aluna.
Em relação às pesquisas, uma aluna do curso de química deu a sua declaração sobre como o corte de verbas já está afetando as práticas na UFJ:
“(…) já tem muita coisa que os professores tem que tirar do bolso. Análises que precisam de equipamentos que a faculdade não tem, reagentes. Na minha pesquisa mesmo eu tava usando um regente vencido de 2014, o dinheiro da bolsa ajuda com esse tipo de coisa sabe.
(…) a semana da química que normalmente é patrocinada pela fapeg, esse ano os professores não conseguiram o dinheiro e estão tirando do bolso para trazer pesquisadores para oferecer mini cursos e palestrantes. Eles vão arcar com o deslocamento e hospedagem. (…) Em relação aos equipamentos. Todo ano eles enviam um projeto, não sei se é cnpq ou fapeg, para comprar um equipamento novo, esse ano foi negado também.Tem muito projeto parado ou que tem que ser adaptado por falta de dinheiro, equipamento, reagente, etc.”
De fato, há uma preocupação crescente na comunidade científica. A Capes mantém diferentes programas de mestrado, doutorado, pós-doutorado, além de programas de formação e qualificação de professores, contando com mais de 200 mil alunos só em 2019. Os programas de incentivo à pesquisa também serão afetados.
Thaysa Alves
Foto Capa: Vânia Santana
Jornalismo Portal Panorama
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