Em todo o Brasil, os preços dos bezerros estão menos pressionados em comparação com os do boi gordo, o que pode sinalizar o início de uma transição de fases no ciclo pecuário. Podemos afirmar que o bezerro terá o maior preço da história em 2025; O que você acha?

O cenário da pecuária de corte não é fácil de ser avaliado, principalmente para os aventureiros de plantão, mas não é mistério que o Ciclo Pecuário reina de forma dominante no que diz respeito aos caminhos seguidos por quem vive nesse setor tão importante para a economia. Alguns chegam a dizer que: “Ele até tarda, mas não falha“. É nesse momento que precisamos entender o que está acontecendo e o que está por vir. Podemos afirmar que o bezerro terá o maior preço da história em 2025 e, claro, precisamos explicar o porque disso.

Para podermos entender a afirmação central desse texto [o preço do bezerro], precisamos entender os motivos que estão levando o mercado a trilhar esse caminho. Conforme explica Lygia Pimentel, analista e CEO da Agrifatto, a demanda é determinante em todo o processo. “A carne – ou o boi – não é um produto de moda. É e sempre será um produto necessário, demandado em maior ou menor intensidade e, portanto, cujos preços possuem ciclos. O ciclo pecuário nada mais é do que uma retroalimentação produtiva estimulada pelos preços, que influencia a oferta de animais em qualquer economia em que a pecuária detenha um papel relevante“, aponta ela.

O tema, ou melhor, ideia para produção desse conteúdo teve como ponto chave uma entrevista do Volneimar Lacerda, diretor Spaço Agrícola Tepeyac, durante o GI News PodCast. Conforme é possível assistir no corte abaixo, Lacerda afirma que o “bezerro terá o maior preço da história em 2025”. Com isso, buscamos informações para podermos trazer uma análise mais abrangente e detalhada sobre o tema.

Nesse contexto, observa-se que, desde 2022 e com intensificação no primeiro semestre de 2024, os períodos de baixa nos preços têm levado à desvalorização e à liquidação de rebanhos, incluindo as fêmeas, como estratégia para gerar caixa e garantir a sobrevivência dos produtores.

Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no 1º trimestre de 2024, foram abatidas 9,30 milhões de cabeças bovinas, marcando um recorde desde 1997, com aumentos de 24,6% em relação ao ano anterior e 1,6% em comparação ao 4º trimestre de 2023. O abate de fêmeas subiu 28,2% em comparação ao 1º trimestre de 2023, atingindo um recorde histórico. O abate de machos também cresceu, com um aumento de 21,7%, registrando o melhor desempenho para um 1º trimestre, conforme relatou a Scot Consultoria.

“Nessa hora de crise, os menos eficientes deixam a atividade e cedem áreas para outras culturas, reforçando a pressão por eficiência para combater a contínua quebra de margens na atividade”, afirma a Pimentel

A queda do inventário de fêmeas reduz a oferta em um segundo momento pelos motivos óbvios. Além disso, a teoria econômica nos ensinou que oferta em baixa diante de uma demanda mais ou menos estável significa preços em alta. Da mesma forma, preços em alta estimulam investimentos e retenção de fêmeas para a produção de mais animais.

  • Definição importante: O ciclo pecuário refere-se às fases de expansão e contração na produção de gado, influenciadas por fatores como preços de mercado, oferta e demanda, custos de produção e políticas públicas. Durante o ciclo, os produtores podem ajustar o tamanho de seus rebanhos e suas estratégias de manejo com base nas condições econômicas e ambientais. Um ciclo típico inclui períodos de crescimento do rebanho, estabilidade e redução, refletindo mudanças na lucratividade e nas condições de mercado.

Lygia observa que períodos de alta nos preços, como os de 2020/21, incentivam o investimento e a retenção de rebanhos, com produtores buscando aumentar as vendas devido à valorização do produto. É nesse cenário que surgem novos entrantes no mercado, conhecidos como “Os Menino da Pecuária”. Como consequência, a oferta aumenta e os preços começam a cair, reiniciando o ciclo.

fonte: Agrifatto

“Tendo esse processo conhecido e consciente, podemos afirmar que um dos princípios que rege o ciclo é: tudo o que estimula a produção faz os preços caírem na sequência e o contrário também é verdadeiro’, apontou a CEO da Agrifatto e, ainda mais, “para mim, a queda dos preços médios do boi acabou”.

“Durante o ciclo, os produtores podem ajustar o tamanho de seus rebanhos e suas estratégias de manejo com base nas condições econômicas e ambientais”

Mercado de reposição mais firme – ou, menos pressionado

“Que o mercado do boi está frouxo, não é novidade. Mas, destacaremos neste artigo aspectos que podem indicar uma mudança de cenário em um horizonte de médio prazo”, apontou a Scot em sua Carta Boi desse mês, com título: Sinais favoráveis ao mercado do boi?, trazendo uma análise macro sobre o mercado pecuário.

“O primeiro deles vem do mercado de reposição. A reposição, historicamente, é quem puxa a virada de ciclo. Sazonalmente há maior oferta de bezerros entre os meses de abril, maio e junho, a chamada “safra de bezerros” – o que, em suma, pressiona as cotações das categorias. O que, por ora, não aconteceu, com os preços do bezerro de desmama demonstrando certa firmeza”, afirmou o consultor da empresa Felipe Fabbri.

Ele ressalta, ainda, que esse cenário não é observado em sua totalidade das praças avaliadas, mas trazem otimismo. “É claro que esse cenário não se aplica a todas as praças, mas já nos dá um indício de que, ou a oferta de bezerros, por ora, está mais cadenciada, ou a demanda mais aquecida – ou, os dois.”

Outro ponto dentro desse cenário que chama atenção e reflete o resultado do que abordamos aqui nesse conteúdo é que, os bezerros que estão no mercado hoje refletem a estação de monta de 2022 – primeiro ano de aumento no descarte de fêmeas no país – ou seja, há menor oferta neste momento, do que há um ano.

Para Fabbri, a principal lição que temos é que não são só nas fases de alta que a gente tem oportunidades, nas fases de baixa também existem muitas brechas a serem aproveitadas. Agora, em 2024, uma delas é justamente fazer a reposição de bezerros.

De forma resumida, pelo Brasil afora, os preços do bezerro se mostram menos pressionados do que os do boi gordo, podendo indicar o início de uma transição de fases no ciclo pecuário.

E você, considera que a virada no ciclo já começou? Qual a sua expectativa para o mercado da pecuária no curto, médio e longo prazo? Teremos novos momentos de preços recordes com custos mais ajustados que os atuais?

Fonte: Compre Rural
Foto: Faz. Elge
Jornalismo Portal Pn7

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