O governo está fazendo uma propaganda do que não existe e há inúmeros motivos que corroboram com o que a grande maioria dos produtores rurais está passando.

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O Brasil é um país com grande aptidão agrícola e muitas vezes este setor da economia é o responsável por alavancar o crescimento econômico, apesar de todas as dificuldades. Nesta época do ano, as colheitas estão aceleradas e com elas logo se manifestam os gargalos do setor agrícola. Podemos dizer que trata-se de uma reação em cadeia e que infelizmente as perspectivas para o produtor rural muitas vezes são inadequadas se comparadas a grandeza da produção de grãos principalmente, pois é o setor mais prejudicado atualmente.

Vemos nos meios de comunicação o governo ressaltar a enorme produção que teremos este ano, o que de fato infelizmente, foge da realidade, pois principalmente as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foram bastante prejudicadas por um longo período de estiagem o que provocou perdas de produção em um número de lavouras que não podemos desconsiderar. Ou seja, o governo está fazendo uma propaganda do que não existe e há inúmeros motivos que corroboram com o que a grande maioria dos produtores rurais está passando.

Infelizmente quando se fala em produção agrícola no Brasil, logo temos a triste imagem dos gargalos que afetam desde a produção na fazenda até o escoamento diverso. Então me pergunto até quando o governo fará propaganda do que está sendo produzido, como a tal história de safra recorde que parece história para boi dormir porque o governo só repete isto e não do que é perdido, por falta de uma única palavra, que engloba todo este ciclo de produção: logística. Seria maravilhoso se quando falássemos em super safra, tivéssemos falando também em boa logística e infraestrutura adequada.

De fato, ano após ano, há um crescimento da produção agrícola, considerando que há 30 anos o país produzia em uma área plantada de 40 milhões de hectares, cerca de 38 toneladas, na safra 2012/ 13, esses números são de aproximadamente 186 milhões ha/ ton, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Em relação ao mercado internacional, o setor do agronegócio representa 27% das exportações, principalmente devido à expansão da produção de soja. Por outro lado, os empecilhos encontrados para escoar todo este volume variam de acordo com cada região, mas em geral, segundo dados do Fórum Econômico Mundial, num ranking de 144 países, o Brasil ocupa a 135º posição na qualidade dos portos, 123º na qualidade das estradas e 100º na qualidade das ferrovias. Fica clara que a questão de infraestrutura é um grande problema enfrentado pelos produtores rurais. Como os investimentos nesta área são inexistentes ou insuficientes, assim como em ferrovias e hidrovias, os produtores ficam dependentes de rodovias que se encontram em estado lastimável, cheias de buracos, sem acostamento e sem sinalização, como é o caso da BR 163, uma das rodovias mais importantes do Centro Oeste, responsável pelo escoamento de 30% da produção nacional de soja. As condições das ferrovias não são diferentes, visto que os vagões e locomotivas estão em estado precário e são insuficientes para toda esta demanda. Por fim, nos portos as dificuldades não cessam, pois há muita fila e muita desorganização, demandando mais tempo do que o previsto para escoar tudo o que se produz. Em longo prazo isto afeta até mesmo a credibilidade do país perante o comércio internacional, pois o mesmo não consegue cumprir adequadamente os prazos estipulados.

Por tudo isso explicitado, a deficiência na logística causa uma série de consequências negativas para o setor do agronegócio, que vão se encadeando, como por exemplo, o fato de que os produtos saem das propriedades rurais com preços baixos, mas até chegar ao seu destino estão com custos muito altos, devidos aos gargalos que enfrentam. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os produtores brasileiros sofrem com o custo do frete em sua receita, chegando a perder R$ 4,10 por saca de soja em relação aos EUA e Argentina.

Mesmo com todos estes dados, a política de desenvolvimento econômico que temos no Brasil vai contra toda essa realidade, pois investe pouco e investe mal. Um exemplo disso é o não aproveitamento dos rios navegáveis, que gerariam um valor de frete mais em conta para os produtores do que as ferrovias e rodovias. Pode-se dizer que o governo está muito mais preocupado com a quantidade do que se produz do que com a qualidade e custos. Para se ter uma ideia, apenas 1,7% do PIB brasileiro é investido em infraestrutura, enquanto que nos Estados Unidos, que já possui toda uma rede de infraestrutura que aproveita as características naturais do ambiente ainda investe 2,3% do seu PIB.

Portanto, o governo precisa fazer muito ainda, para que o agronegócio possa se expandir ainda mais e se consolidar de vez nos planos da política econômica brasileira, recebendo os investimentos tão essenciais para que o caminho que se tem entre a produção nas propriedades rurais até o escoamento seja mais rápido, fácil e barato. Deve-se frisar também que os recursos para este setor não devem se concentrar em apenas uma parte, como por exemplo, somente rodovias, o mais importante é analisar todo o conjunto, aproveitando o que de melhor há para cada região. Este é o caminho certo para o agronegócio, basta apenas os políticos enxergarem.

Rosana de Carvalho – Site PaNoRaMa

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