Relatório chamado “O retrato do agronegócio na escola”, produzido a partir da parceria da Associação De Olho no Material Escolar com a Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP), identificou que 60% das citações referentes ao agronegócio nos livros didáticos são negativas. O estudo também mostrou que entre as palavras que mais aparecem fora de contexto ou com teor distorcido estão: desmatamento, conflito fundiário e uso de agroquímicos.
A lista é enorme e vem causando preocupação de pais, professores e outras pessoas ligadas ao tema. Fundada em junho de 2021, a De Olho no Material Escolar reúne a sociedade civil organizada com a motivação de contribuir para uma educação positiva neste tema, além de propor atualização dos conteúdos com base em conteúdo científico e que possam gerar perspectivas positivas com relação ao tema nos estudantes.
A diretora de Comunicação da Associação, Carolina Barretto, ministrou palestra nesta quarta-feira, 29 de março, no auditório 2 da 20ª Tecnoshow Comigo. “Sessenta por cento das citações sobre o agronegócio são erradas. Então quando você manda seu filho para a escola, são 60% de chances dele aprender errado. A associação foi criada para garantir que as informações deste setor sejam retratadas nos livros com base na sua relevância e de maneira fiel.”
Carolina Barretto disse que a percepção inicial de que o agro é retratado de maneira distorcida nos livros foi embasada em uma pesquisa científica para ser levada às editoras de livros. Em muitos casos, a associação foi recebida com certo receio, mas depois de entenderem a necessidade dessa atualização de linguagem, muitas já se tornaram parceiras. “Algumas editoras justificaram que enfrentam dificuldade para encontrar conteúdos nesta área e que, quando encontram, são muito complexos ou usam linguagem muito técnica”, diz a diretora de comunicação.
Carolina ressalta que o estudo também serve para evidenciar oportunidades para o setor ser citado de forma mais assertiva na rede de ensino do País. Neste sentido, a diretora de Comunicação informa que a De Olho No Material Escolar mantém consultorias para editoras com fontes fidedignas para ajudar na produção de material e isso vale para a rede pública e privada. “A nossa intenção é que os conteúdos distorcidos possam ser retirados dos livros, além de dar mais espaço para a atuação de profissionais e importância dos produtores rurais e do agronegócio como um todo na economia nacional nos conteúdos didáticos.”
O relatório gerou três conclusões que são as bases para buscas dos objetivos listados. A primeira conclusão é que existe precariedade no embasamento científico para a produção dos conteúdos didáticos, a segunda é que falta valorização do papel do produtor rural e da agroindústria na economia do país e terceira é que falta entendimento sobre a conexão do campo com a cidade e isso acaba gerando riscos à sucessão pela falta de atratividade do setor rural, sobretudo, entre os jovens.
SAIBA MAIS – Confira a íntegra das conclusões registradas:
Relatório entende que estes são os pilares para as mudanças de conteúdo e da forma de tratar o agronegócio
1 — Precariedade de embasamento científico
Imperfeições pedagógicas, bem como vieses de natureza política ou ideológica.
Estes não deveriam estar presentes nos textos didáticos, uma vez que os materiais teriam como propósito incentivar o espírito científico dos leitores, formar opiniões independentes, atitudes e valores compatíveis com os saberes das ciências.
2 — Falta de valorização do papel do produtor rural e da agroindústria na economia do país
No resultado geral, identificou-se diminuição do espaço do produtor rural e do agro na agenda econômica e de desenvolvimento do Brasil.
3 — Falta de entendimento sobre a conexão do campo com a cidade: riscos à sucessão pela falta de atratividade do setor rural, sobretudo, entre os jovens
Existe a possibilidade de se evidenciar mais no material didático a conexão campo-cidade, preparando o jovem para visão mais sistêmica da cadeia da agroindústria. Isso deve ser considerado até numa dimensão de sucessão no setor, visto o exemplo de outros países, que passam por dificuldades na formação (de produtores rurais)
Fonte: De Olho No Material Escolar
Sobre a Tecnoshow Comigo
Com a proposta de auxiliar o produtor rural, a COMIGO iniciou, em 2002, o trabalho de geração e difusão de tecnologias agropecuárias, em Rio Verde, numa área que hoje ultrapassa 170 hectares (área total do CTC). Neste local, a cooperativa promove experiências tecnológicas o ano todo, em parceria com diversas instituições de pesquisa, de ensino e outras empresas, e realiza a Tecnoshow. A diversidade é uma marca registrada do evento. São máquinas e equipamentos agropecuários, plots agrícolas, animais das mais variadas espécies, palestras técnicas e econômicas, ações socioambientais e dinâmicas de pecuária, entre outros produtos e serviços. Trata-se de uma extensa vitrine de tecnologias para o homem do campo, seja pequeno, médio ou grande produtor.
Fonte / Fotos: Tecnoshow Comigo 2023
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