Você pode ter hérnia de disco e nem saber - e isso não é raro
Estudos revelam que muitas pessoas têm hérnia de disco sem sentir dor ou apresentar sintomas; manter o corpo em movimento é a melhor forma de prevenir complicações.

Descobrir uma hérnia de disco em um exame de imagem pode assustar. A palavra “hérnia” costuma ser associada à dor intensa, travamento da coluna ou até cirurgia. Mas a ciência mostra que, na maioria dos casos, a presença de uma hérnia não significa problema. Muitas pessoas convivem com alterações na coluna sem sentir dor ou qualquer sintoma.

Estudos com mais de 3 mil pessoas que não apresentavam dor nas costas revelaram que 30% delas tinham algum tipo de hérnia de disco. Em adultos com mais de 50 anos, esse número passa dos 50%. Ou seja, é perfeitamente possível ter uma hérnia e seguir a vida normalmente, sem saber.

Segundo o fisioterapeuta Mateus Lima, mestre em Ciências da Saúde, a hérnia de disco ocorre quando o disco intervertebral, que atua como amortecedor entre as vértebras, sofre uma deformação e parte do seu conteúdo se projeta para fora. Ainda assim, isso não quer dizer que haverá dor. “Muitas hérnias são pequenas, não pressionam nenhum nervo e não geram inflamação. Quando isso acontece, a pessoa pode passar anos sem perceber qualquer sintoma. É um achado de exame que, muitas vezes, não tem impacto clínico nenhum”, afirma.

Alterações como a protrusão discal — um estágio menos grave da hérnia — são muito comuns e quase sempre não causam dor. Nesse caso, o disco apenas se deforma levemente, mas sem romper ou comprometer estruturas próximas. Diversos estudos já comprovaram que a presença da hérnia por imagem não prevê, por si só, dor ou limitação funcional.

Outros fatores, como o enfraquecimento muscular, têm maior ligação com dores na coluna. A falta de força e estabilidade, especialmente na região central do corpo (conhecida como core), pode levar ao surgimento de desconfortos, mesmo sem alterações nos exames. Por isso, manter os músculos fortalecidos é fundamental para evitar dores e proteger a coluna.

Um ponto de atenção é o chamado “excesso de diagnóstico”. Muitas vezes, a pessoa sente um leve incômodo, faz uma ressonância e recebe um laudo com termos técnicos assustadores. Sem entender o real significado, ela começa a evitar movimentos, acreditando estar lesionada. Isso pode aumentar ainda mais a dor. Esse comportamento é conhecido como “cinesiofobia”, o medo de se mexer por receio de se machucar. Quanto menos a pessoa se movimenta, mais frágeis os músculos ficam e mais sensível o corpo se torna à dor.

Mateus Lima reforça que o exame de imagem é apenas uma parte da avaliação. “Não tratamos a imagem. Tratamos pessoas. E nem toda hérnia é um problema”, destaca. Para ele, o mais importante é observar o quadro clínico completo, como dor, limitação de movimento e resposta ao tratamento.

Mesmo com diagnóstico de hérnia, a recomendação atual é clara: manter o corpo ativo é a melhor prevenção. Caminhadas, alongamentos, musculação, pilates e outras atividades físicas ajudam a manter a coluna saudável e funcional.

Entre as principais orientações para quem recebe o diagnóstico de hérnia de disco, mas está sem sintomas, estão: manter a calma, seguir ativo, procurar orientação profissional e evitar o repouso prolongado. Também é importante cuidar da postura, do sono e investir no fortalecimento muscular da região do core.

Em casos mais graves, é preciso atenção. Se houver dor irradiada para as pernas, formigamento, fraqueza muscular ou perda de sensibilidade, o ideal é procurar avaliação médica, pois esses sintomas podem indicar compressão de nervos.

Ter hérnia de disco não significa que você está doente. A maioria das alterações vistas em exames são comuns com o passar do tempo e não interferem na qualidade de vida. O segredo está em entender o próprio corpo e manter o movimento como aliado da saúde.

Por Redação Portal Pn7
Foto: Arquivo Pessoal
Jornalismo Portal Pn7

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