Violência psicológica supera agressões físicas e expõe avanço silencioso da violência contra mulheres

A nova Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher mostra que a violência psicológica afeta 88% das brasileiras. O levantamento, divulgado pelo Fantástico, revela que esse tipo de agressão se tornou o mais comum no país. Esse dado muda o cenário dos últimos anos, já que até 2021 a maior parte dos casos relatados envolvia violência física.

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O DataSenado entrevistou 21.641 mulheres em 2025. Segundo o estudo, 71% das agressões ocorrem diante de testemunhas. Muitas dessas pessoas são filhos das vítimas. Mesmo assim, 40% das testemunhas adultas não intervêm no momento do ataque. Essa falta de reação mostra o quanto a violência ainda é naturalizada dentro de casa.

Vítimas ainda evitam buscar ajuda formal

Apesar da alta incidência, a maioria das vítimas não procura ajuda oficial. Cerca de 70% delas buscam apoio primeiro na família. Somente 3 em cada 10 procuram uma delegacia, geralmente quando a situação já se tornou insustentável. Essa demora dificulta o rompimento do ciclo de violência e amplia o risco para as mulheres.

Ligue 180 completa 20 anos e registra salto nas denúncias

O estudo foi divulgado durante a marca dos 20 anos do Ligue 180. Nesse período, a central já realizou mais de 16 milhões de atendimentos. Apenas entre janeiro e outubro de 2025, o número de ligações cresceu 33% em comparação com o mesmo intervalo do ano anterior. Esse aumento indica que mais mulheres buscam orientação, mas também pode refletir o avanço das agressões.

O serviço funciona 24 horas por dia e atende de forma gratuita. Mulheres capacitadas em violência de gênero realizam o acolhimento, o que garante mais segurança e orientação adequada. Qualquer pessoa pode denunciar ou tirar dúvidas. Em casos de emergência, porém, a orientação é acionar diretamente o 190 da Polícia Militar.

Violência contra a mulher segue como crise global

A Organização Mundial da Saúde alerta que a violência contra a mulher continua sendo uma das crises de direitos humanos mais negligenciadas do mundo. O índice global de agressões não diminui há 20 anos. Além disso, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual de um parceiro íntimo ao longo da vida. Esses dados reforçam a gravidade do problema no Brasil e em outros países.

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7