Com tempo seco, circulação de vírus que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave, como o sincicial que acomete recém-nascidos, preocupam mais. População precisa ficar atenta a sintomas.

Com a cobertura vacinal contra Covid-19, Influenza e gripe muito abaixo da meta planejada, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) está atenta aos próximos dias – final de agosto e o mês de setembro – quando há um agravamento das condições climáticas em razão da ausência de chuvas. Como sempre ocorre no período de estiagem, os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) levam muita gente a procurar atendimento médico, mas é o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções das vias respiratórias e pulmões em crianças com menos de dois anos e contra o qual não há vacina, que tem preocupado as autoridades de saúde.

Superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Flúvia Amorim lembra que nesta época do ano tradicionalmente há um aumento de casos de SRAG, que podem ser causados por fatores alérgicos ou por vírus, mas são as doenças infecciosas que chamam a atenção. “Os agentes causadores ainda são o coronavírus (Sars-CoV-2), o Influenza e em crianças, o VSR, sincicial.” Em crianças com menos de dois anos, os principais agentes causadores de SRAG são o VSR (35%) seguido de Influenza (5%) e coronavírus (5%). Em Goiás, este ano, até o momento, foram registrados 5.827 casos de SRAG, com 543 óbitos. Entre menores de dois anos, dos 803 casos de SRAG que levaram à morte de 21 crianças, 675 foram pelo VSR que matou 11 delas.

Vírus de RNA, o sincicial respiratório causa doenças respiratórias em todas as faixas etárias, mas costuma ser mais grave em bebês e crianças com até dois anos. O final do isolamento imposto pela pandemia da Covid-19 refletiu no aumento dos registros de casos provocados por esse agente. “No Brasil são comuns as visitas a recém-nascidos. Isso precisa ser evitado ou pelo menos que a pessoa use máscara ou higienize as mãos. Eu soube de um bebê de sete dias que ficou 13 na UTI por causa do VSR”, relata Flúvia Amorim. Ela lembra que os pais de recém-nascidos devem evitar levar o bebê para locais de grande aglomeração, como eventos e shoppings.

Os sintomas de uma SRAG provocada pelo vírus sincicial são semelhantes aos de uma gripe. O nariz do paciente entope, ele fica apático, sem fome e o quadro evolui para tosse e dificuldade respiratória. Exatamente por isso é mais difícil de ser identificado. Flúvia Amorim salienta que a baixa umidade favorece lesões da mucosa e a introdução de microrganismos, como vírus, aumentando a possibilidade de infecções e de internações hospitalares, em especial de crianças e de idosos. Desde o início do ano seis pessoas com mais de 60 anos morreram em Goiás acometidas de alguma SRAG.

Em relação a 2022, as autoridades de Saúde trabalham com um cenário de estabilidade nos números de SRAG. Entretanto, aquele foi um ano atípico por sentir ainda grande influência da Covid-19. Em todo o ano passado foram registrados 15.622 casos de SRAG em Goiás. “Tivemos três picos de casos em 2022, no início, no meio e no final do ano, com predominância do agente etiológico Sars-CoV-2. Mesmo com a vacina sendo ofertada, 2.532 pessoas morreram de Covid no ano passado”, enfatiza Flúvia Amorim. Os vírus da Covid e da Influenza são os que mais circulam entre adultos e isso não mudou de 2022 para cá.

“Infelizmente temos uma linha anti-vacina e estamos lutando para romper essa barreira, mas não tem sido fácil”, afirma a superintendente de Vigilância em Saúde da SES. Segundo Flúvia, das 543 mortes ocorridas este ano por SRAG, 47% foram provocadas pelo coronavírus e 10% por Influenza. Os idosos foram os mais atingidos, com 64% dos óbitos. “Temos vacina à disposição contra Covid, contra Influenza e contra gripe, mas nossa cobertura vacinal está muito baixa. Este ano imunizamos 56% do público alvo contra Influenza, em crianças chegou somente a 46% e a cobertura da Covid-19 bivalente está em 11%.”

Orientações para enfrentar tempo seco

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia informou que o tempo seco e a baixa umidade do ar contribuem para o aumento das alergias respiratórias devido à alta concentração de poluentes na atmosfera. Os mecanismos de defesa do organismo humano ficam reduzidos, favorecendo o surgimento de doenças respiratórias. Nas visitas, os agentes comunitários recomendam atividades para enfrentar os percalços nesse período, como uma dieta saudável, para fortalecer o sistema imunológico. O mesmo ocorre nos atendimentos nas unidades básicas de saúde.

“Orientações simples são efetivas para manter-se protegido de vírus e bactérias que afetam a respiração, bem como a adoção de atitudes simples para evitar a proliferação dessas doenças, entre elas arejar os ambientes, beber bastante líquido, manter as mãos limpas e higiene adequada, além de controlar a umidade relativa do ar acima de 50% com umidificadores ou colocação de recipientes com água nos ambientes, são algumas das ações que podem fazer a diferença”, ressalta a SMS.

A pasta diz que tem reforçado as ações de incentivo à vacinação para prevenir infecções respiratórias. Segundo a SMS de Goiânia, o número de atendimentos motivados por SRAG na atenção primária tem se mantido num cenário de estabilidade para esta época do ano. O Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), que é vinculado à rede pública estadual, não registrou aumento de internações por SRAG desde maio, quando começou o período de estiagem.

Fonte: O Popular
Foto: Fabio Lima
Jornalismo Portal Panorama
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