A Universidade Federal de Goiás (UFG) fechou o ano de 2015 com um déficit de cerca de R$ 17 milhões, informou o reitor Orlando Afonso Valle do Amaral. O valor representa 15,33% do total de R$ 110 milhões que a instituição recebeu para custeio, já somada a verba complementar. Este foi o resultado, para a instituição, dos cortes anunciados pelo Ministério da Educação (MEC) no começo do ano passado – cerca de 10% do que havia sido aprovado ainda em 2014.
“O ano de 2015 foi o pior possível em termos de contenção de despesas. Agora ainda vai haver contenção, mas será melhor porque já existe orçamento aprovado”, diz o reitor. Os cortes seriam ainda mais drásticos. No fim do ano, o MEC pediu levantamento de orçamento complementar para que as instituições fechassem o ano. À época, a UFG mostrou planilha de R$ 35 milhões, sendo R$ 23 milhões de déficit de custeio.
O MEC repassou à universidade R$ 8 milhões. “Foi pouco, mas nos ajudou e conseguimos pagar contas com fornecedores, por exemplo”, admite Amaral. A conta para chegar ao déficit de 2015, segundo aponta o reitor, remonta a 2014, quando o orçamento não foi cumprido pela União. Muitas despesas tiveram de ficar para o ano seguinte, 2015. Amaral conta que, no primeiro semestre, a contenção não chegou a interferir na vida acadêmica dos alunos.
Na época, a solução administrativa foi rever contratos com empresas terceirizadas e conter despesas com viagens e gastos como energia, água e telefonia. No segundo semestre, a situação da universidade apertou. Segundo o diretor presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg), professor Flávio Alves da Silva, a contenção levou a economias que mudaram rotinas da UFG. Foi necessário, por exemplo, reduzir o consumo de energia elétrica e água.
Muitos professores tiveram de mudar o planejamento, trocando aulas práticas por teóricas, já que não havia recursos para levar os alunos a campo, relata o presidente da Adufg. Laboratórios tiveram uso reduzido, com compartilhamento de insumos por parte dos estudantes ou limitação do tempo de estudo no local. “Há também problema com a progressão na carreira do professor, já que os cortes interferem na produção científica, que conta muito nesse processo”, explica. O corte nos gastos com viagens dificultou, por exemplo, a participação em bancas ou realização de pesquisas.
A coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino em Goiás (Sint-Ifesgo), Fátima dos Reis, relata que a contenção de gastos atrapalhou o trabalho dos servidores. “O problema é que a UFG vinha numa crescente de recursos, e aí em 2015 ficou abaixo”, diz. Neste caso, trabalhos como de segurança e limpeza foram afetados.
O QUE FOI AFETADO
Corte no orçamento para 2015 gerou déficit e prejudicou comunidade acadêmica
- SEGURANÇA: redução dos funcionários terceirizados fez com que estudantes, servidores e professores tivessem mais receio no período noturno
- LIMPEZA: também sofreu com redução dos terceirizados e o serviço deixou de ser feito com a regularidade diária de outrora
- EVENTOS: alguns projetos da reitoria, como Espaço das Profissões, deixaram de ser promovidos e outros tiveram de pedir patrocínios para continuar
- AULAS PRÁTICAS: reitoria restringiu viagens e uso dos ônibus, o que prejudicou aulas fora dos câmpus, que passaram a ser trocadas por teóricas pelos professores
- CONGRESSOS: houve restrição no pagamento de passagens e de diárias a alunos e professores para participação em eventos acadêmicos fora da capital
- BANCAS AVALIADORAS: também pelo corte nas viagens, professores não puderam participar de bancas em outras universidades nem trazer profissionais de fora
- LABORATÓRIOS: falta de recursos deixou alguns laboratórios sem todos os insumos necessários, e isso também foi afetado pela greve dos servidores e corte de gastos do CNPq
- BOLSAS: este quesito foi mais afetado pelo corte que atingiu o CNPq, responsável pela maior parte das bolsas; contingente da UFG foi afetado.
- Fonte O Popular