Foto: Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images

Nos EUA, vacina da Pfizer/BioNTech para crianças de 5 a 11 anos será administrada em duas doses com intervalo de três semanas...

Na última quarta-feira (3/11), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomendou o uso da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças com idade entre 5 e 11 anos nos Estados Unidos. O país deve começar a imunizar essa faixa etária, que representa cerca de 28 milhões de pessoas, ainda nesta semana.

No grupo abaixo de 11 anos, a vacina Pfizer/BioNTech será administrada em duas aplicações com um intervalo de três semanas. É uma dose mais baixa (10 microgramas cada uma) do que a usada para indivíduos com 12 anos de idade ou mais (30 microgramas).

A Pfizer ainda não solicitou à Anvisa a inclusão da faixa etária de 5 a 11 anos na bula de sua vacina contra a Covid-19. O processo depende da apresentação dos dados clínicos e científicos sustentando a segurança e a eficácia do imunizante para o público infantil.

Por que a quantidade é menor do que a aplicada em outros grupos?

Crianças de 5 a 11 anos vão receber um terço da dose usada em adultos. Agulhas menores, projetadas especificamente para crianças, também serão usadas durante a imunização nos EUA.

A Food and Drug Administration (FDA), órgão responsável por regular o uso de medicamentos nos EUA, analisou dados que compararam a proteção das crianças participantes do estudo com indivíduos de 16 a 25 anos de idade que receberam doses mais altas da vacina.

As respostas imunológicas dos participantes mais jovens foram comparáveis ​​às dos participantes mais velhos. Isso se dá porque as crianças, normalmente, têm resposta imune mais robusta. Além disso, os estudos clínicos indicaram menor possibilidade de reações adversas no uso de doses menores.

O infectologista Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que, no caso do imunizante da Pfizer, os ensaios clínicos direcionados ao grupo mostraram que a proteção desejável já era alcançada com doses menores. “Os testes demonstraram que uma dose menor do que a usada para pessoas com 12 anos ou mais era a preferida, mantendo proteção, segurança e tolerabilidade”, afirma.

Esta é a primeira vacina autorizada nos Estados Unidos para essa faixa etária. Por isso, segundo a Pfizer, a quantidade aplicada foi cuidadosamente selecionada com base em dados de segurança e imunogenicidade.

A dosagem não varia devido ao peso do paciente, mas com a idade no dia da vacinação. Indivíduos com 12 anos ou mais recebem a mesma dosagem que os adultos.

Como foram as pesquisas que comprovaram a eficácia e segurança do imunizante para o grupo?

De acordo com a FDA, agência equivalente à Anvisa no Brasil, os estudos clínicos apresentados pelos desenvolvedores do imunizante mostraram eficácia de 90,7% na prevenção da Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.

Os dados são baseados em um estudo randomizado controlado por placebo, que envolveu aproximadamente 4.600 crianças de 5 a 11 anos de idade. O estudo está sendo conduzido nos Estados Unidos, Finlândia, Polônia e Espanha.

Entre as crianças que receberam a vacina da Pfizer (3.100 foram imunizadas e 1.538 receberam placebo) nenhum efeito colateral sério foi detectado até aqui. Um grupo de 1.444 crianças foi acompanhado por pelo menos 2 meses para avaliar a segurança após a segunda aplicação.

A vacinação é opcional. Se o imunizante for aprovado aqui, devo vacinar meu filho?

Werciley Junior, infectologista do Hospital Santa Lúcia, aconselha que as pessoas sejam imunizadas. “A gente sempre vai defender a vacinação como a melhor forma de evitar que existam casos graves. Apesar de as crianças terem menos chances de apresentar formas graves da infecção, a vacinação nos garante uma proteção coletiva para diminuir a carga viral em circulação”, explica o especialista.

O infectologista Leonardo Weissmann também ressalta que a vacina tem eficácia acima de 90% para a faixa etária, protege e é segura. “A imunização garante a diminuição de novos casos graves, hospitalizações e complicações de longo prazo”, ressalta.

O imunizante pode ter algum efeito colateral para a saúde do meu filho? Quais?

Durante as pesquisas para o grupo de 5 a 11 anos, os efeitos colaterais relatados incluíram dor no braço, vermelhidão e inchaço no local da injeção. Também foram elencadas sensação de fadiga, dor de cabeça, dores musculares, febre, náuseas e diminuição do apetite. Um número maior de crianças relatou ter tido algum efeito não esperado após a aplicação da segunda dose.

Os sintomas foram geralmente de gravidade leve a moderada e ocorreram dentro de dois dias após a vacinação. A maioria deles está dentro do esperado após imunizações e desapareceu dentro de um a dois dias.

Reações mais graves, como o risco de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e de pericardite (inflamação do revestimento externo do coração), ocorreram em algumas crianças que receberam a vacina. Na maioria dos casos, as respostas à imunização começaram alguns dias após o recebimento da segunda dose da vacina.

A Pfizer afirma que a chance dessas reações ocorrerem é muito baixa e que os indivíduos devem procurar atendimento médico imediatamente caso apresentem dor no peito, falta de ar ou aceleração cardíaca após terem recebido a vacina.

As crianças não costumam apresentar casos graves de Covid-19. Quais os benefícios da vacinação?

Segundo o CDC, embora as crianças corram um risco menor de adoecer gravemente em decorrência da Covid-19, elas ainda podem ficar doentes e até morrerem por causa da infecção.

Nos Estados Unidos, aproximadamente 8.300 casos de Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos de idade resultaram em hospitalização. Desde o início da pandemia até 17 de outubro, 691 mortes ocasionadas pela doença foram relatadas nos Estados Unidos em indivíduos com menos de 18 anos de idade, sendo 146 óbitos no grupo de 5 a 11 anos.

A imunização desse grupo também ajuda a proteger outras pessoas, pois caso as crianças estejam infectadas elas podem passar o vírus para indivíduos com maior risco.

Além disso, vacinar crianças de 5 anos ou mais ajuda a mantê-las na escola e possibilita que elas participem com segurança de esportes, jogos e outras atividades em grupo.

Por Jonatas Martins
Foto Capa: Nicolas Economou/NurPhoto via Getty Images
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