Secretário de Saúde é contra restrição atual de atividades em Goiás

Ismael Alexandrino quer setor da saúde em parceria com outras áreas (Foto: Diomício Gomes)

Ismael Alexandrino prefere o controle rigoroso em locais fechados em vez de limitação de funcionamento. Em reunião com gestores municipais de Saúde, ele defendeu a vacina e disse que chegou a hora de pensar a pandemia além da análise apenas sanitária.

O titular da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, aproveitou a última reunião com colegas de pastas municipais de saúde para se posicionar a favor de um controle rigoroso de circulação de pessoas em locais fechados em vez de medidas restritivas de funcionamento de atividades econômicas ou de circulação de pessoas como forma de conter o avanço do coronavírus nos momentos mais críticos da pandemia.

Ismael defende que as restrições sejam apenas para os eventos e atividades nas quais seja impossível o controle sobre a circulação de pessoas, como carnaval de rua, ou mesmo nos casos em que o organizador do evento não consiga dar garantias deste controle. Para ele, chegou o momento de se pensar o enfrentamento à Covid-19 para além da análise meramente sanitária.

O posicionamento foi dado durante a abertura da primeira reunião em 2022 do Comitê Intergestores Bipartite do Estado de Goiás (CIB), formado por representantes da SES-GO, do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de Goiás (Cosems-GO) e das pastas municipais de saúde.

O encontro foi híbrido, em 20 de janeiro, com Ismael e mais algumas autoridades presentes no auditório da Escola de Saúde Pública de Goiás Cândido Santiago (Esap). A reunião está disponível no canal do YouTube do Cosems-GO.

Ao explicar sobre a sua preferência no combate ao coronavírus, Ismael argumentou que numa festa com muitas pessoas não há motivo para preocupação se os organizadores garantirem que todas estão vacinadas e testadas e chamou o realizador de um evento com este nível de segurança de “agente do SUS” e um “membro da minha equipe”. “Prefiro ter um ambiente como este daqui, vamos supor que fosse uma festa, vou limitar a cem pessoas, a 500 ou mil pessoas, se eu tenho controle de acesso, e garanto que as pessoas aqui estão vacinadas e testadas, estou despreocupado com estas pessoas, estas pessoas estão protegidas, é um grupo a menos para eu me preocupar.”

Ele pediu também que os secretários municipais busquem “parceiros sociais” e “aliados”, sejam elas autoridades, colegas de outras pastas ou membros da sociedade, que ajudem a garantir a segurança na circulação das pessoas. “Se eu tenho um provedor de evento que me garanta que vai conseguir garantir que as pessoas estão testadas e vacinadas, ele é um agente do SUS, ele é da minha equipe.”

Segundo ele, a “resolução da pandemia” não pode, neste momento, “estar atrelada somente a questão de saúde”. “É preciso levantar a cabeça um pouco e olhar em volta. Precisamos de aliados para o enfrentamento social, assistencial, econômico, cultural, pedagógico, situacional e de gestão de saúde.”

“Vacina é importante”

Ismael falou por cerca de 40 minutos, sempre destacando o cuidado com as palavras para não ser mal interpretado. Em um determinado momento, ao citar como exemplo um hipotético evento de 100 mil pessoas, corrigiu o número brincando que poderiam espalhar que ele defendia atividades nesta dimensão no atual momento da pandemia.

Por diversas vezes, ele ressaltou também a necessidade de secretários estarem sempre reforçando campanhas pelo uso de máscaras e de vacinação. “Temos de refutar com veemência as pessoas que falam que não adianta nada a vacina. Ela não é para não ter a doença, (mas, sim,) para atenuar, para diminuir, para não ter óbito. Gestor de saúde comprometido com a saúde de verdade não pode ter dúvida em relação à importância da vacina”, comentou.

Em nenhum momento Ismael falou em passaporte sanitário, termo odiado principalmente por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sempre destacou a comprovação da vacina aplicada e também de testes negativos para garantir a entrada de pessoas em eventos e na circulação de ambientes fechados.

O secretário estadual não criticou diretamente os prefeitos que estão adotando medidas restritivas e nem falou das cidades que atualmente se encontram em situação mais crítica no mapa de calor da Covid-19 divulgado semanalmente pela SES-GO e que, em tese, deveriam adotar estas medidas, mas comentou que estamos vendo decretos restringindo o acesso “ou até fechando” e sugeriu que o melhor seria exigir critérios para entrar” nestes locais. “Exija vacina, exija teste.”

Para ele, eventos de rua não têm mesmo como “abarcar tecnicamente”, mas se forem atividades em que houver “possibilidade de controle de acesso”, inclusive de carnaval”, é importante que se permita a realização. Ele citou como exemplo as atividades escolares e os shoppings centers. No primeiro caso, existe uma urgência pela aula presencial para não comprometer ainda mais o aprendizado dos jovens goianos. No segundo, são espaços em que é possível garantir a segurança sanitária sem pensar apenas em “retirar tudo, cortar pela metade.”

Ao final do discurso, o secretário “conclamou” os colegas secretários a pensarem na saúde em seu “conceito mais amplo”, que não fique só na “ausência de doença”, mas que pense o “bem estar físico, social e mental” do cidadão. E disse que isso é possível agindo ao mesmo tempo com “criatividade, responsabilidade e pragmatismo”. Segundo ele, só agindo com o primeiro critério, seria uma “loucura”, só com o segundo haveria “engessamento” e sendo apenas pragmático teria muita “perda de energia”.

Até 30 pedidos de UTI por dia

O secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, disse que o número de pedidos de internação em leitos de UTI por causa da Covid-19 na rede estadual subiu para cerca de 20 a 30 diariamente contra dois ou três antes do avanço da variante ômicron a partir do fim de 2021. No entanto, segundo ele, a demanda é “plenamente administrável” e a rede está operando em todas as unidades, “mesmo as mais simples”, para que apenas “ajustes finos” sejam necessários no dia a dia.

Ismael argumentou que a situação atual, a qual ele chamou de “terceira onda”, é diferente das duas primeiras porque agora em Goiás, além da rede hospitalar estruturada que já havia na segunda, temos uma campanha de vacinação disseminada, que está chegando nas crianças, e uma variante do coronavírus que, ao que tudo indica, é mais leve. Ele também conta que há uma maior compreensão da sociedade e disposição.

“Se na primeira onda tivéssemos a estrutura e o número de vacinados que temos hoje, o impacto seria bem pequeno. Na segunda onda ampliamos significativamente a rede, e começamos a vacinação, se não tivéssemos feito isso, seria infinitamente pior. Nesta terceira onda, temos rede e temos vacina. Agora precisamos de parceiros que estão fora da saúde. Sai do epicentro exclusivamente sanitário, e passa para um contexto mais social.”

Segundo Ismael, não há motivo para pânico, mas tampouco para deixar de lado máscaras e outras medidas preventivas. “Não vamos banalizar o risco, mas também não podemos ir nos extremos.”

3ª onda deve acabar em fevereiro

Ismael Alexandrino frisou a todo momento durante a reunião do CIB que estava falando estritamente de acordo com a situação atual, com os dados que se tem no momento, considerando a atual variante do coronavírus e a forma como os casos estão evoluindo. Dentro deste contexto, ele disse acreditar que haverá uma queda vertiginosa de contaminações a partir de meados de fevereiro. Mas isto porque muita gente terá contraído a doença até lá ou estará protegida pela vacina. “Depois vai cair vertiginosamente. Por que vai cair? Porque quase todo mundo terá sido contaminado ou ao menos terá o anticorpo por causa da vacina.”

O secretário disse que houve um aumento rápido de casos a partir do começo de janeiro e culpou em partes a confusão que houve nas unidades de atendimento municipais com a alta demanda comum no fim do ano somado ao crescimento de casos de influenza, dengue e de Covid-19. A solução veio, segundo Ismael, com a aposta na testagem em massa. A SES-GO fez então mais 25 mil em 3 dias, descobrindo que em torno de 30% das pessoas testadas estavam contaminadas. “A grande maioria assintomática, uma parte com sintomas leves.” Isso ajudou a esvaziar os postos.

Fonte: O Popular
Foto: Diomício Gomes
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