Roblox remove jogo que simulava ataque a escolas após pedido da Polícia Civil de São Paulo
O jogo Roblox, bastante popular entre crianças e adolescentes, removeu na última semana uma sala que simulava ataques a escolas, após um pedido do Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) da Polícia Civil de São Paulo. Além disso, a plataforma eliminou outro ambiente virtual em que usuários podiam reproduzir ações de tráfico de drogas.
A delegada Lisandrea Salvariego, chefe do Noad, confirmou a ação nesta segunda-feira (27/10). Segundo ela, a polícia solicitou a exclusão e a preservação dos dados para iniciar a investigação. “Pedimos a exclusão, preservação de dados e agora vamos investigar”, afirmou.
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Em resposta, a Roblox Corporation informou que adotou medidas imediatas para impedir a circulação desse tipo de conteúdo. A empresa ressaltou que mantém diversas camadas de proteção, como sistemas de detecção por inteligência artificial, equipes especializadas em segurança 24 horas por dia, ferramentas de denúncia para os usuários e parcerias contínuas com autoridades e organizações voltadas à proteção digital.
Criminosos utilizam plataformas de jogos para aliciar vítimas
A coluna Fábio Serapião revelou que criminosos têm explorado plataformas gamers para atrair e aliciar vítimas. Essa prática ocorre principalmente porque há uma presença massiva de crianças e adolescentes nesses espaços. Após o primeiro contato, os criminosos levam as vítimas para redes menores e menos moderadas, onde o conteúdo violento se intensifica.
A pesquisadora Michele Prado, fundadora do projeto Stop Hate Brasil, explicou que essas plataformas funcionam como “faróis” de recrutamento. “Plataformas amplas como TikTok, Roblox, Instagram e Steam são os locais onde eles [os criminosos] iniciam o aliciamento”, afirmou.
Os agentes do Noad, que atuam infiltrados nas plataformas 24 horas por dia, observam com frequência crianças e adolescentes sendo induzidos a cometer crimes. Essas práticas vão desde casos de cyberbullying até situações de maus-tratos. De acordo com a delegada Lisandrea, também são comuns casos de autolesão, tentativas de suicídio e estupros virtuais, especialmente envolvendo meninas.
Exposição a ódio e o risco de radicalização
O presidente da Safernet Brasil, Thiago Tavares, alertou que a exposição constante a conteúdos de ódio pode gerar consequências graves entre crianças e adolescentes. Ele lembrou que, em abril de 2023, o Brasil presenciou uma série de ataques a escolas, motivados por discursos extremistas disseminados na internet.
“Esse é um problema real e grave. Ninguém nasce odiando. Se alguém aprendeu a odiar, é porque foi ensinado ou incentivado”, afirmou.
Tavares também destacou que crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade são os mais suscetíveis à radicalização. “Esse tipo de conteúdo pode causar danos sérios, pois incentiva comportamentos de autolesão e reforça pensamentos suicidas”, explicou.
Por fim, a Polícia Civil de São Paulo informou que segue monitorando as plataformas digitais para identificar novos casos de apologia à violência. O objetivo é proteger os usuários mais jovens e impedir que conteúdos perigosos se espalhem novamente.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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