Levantamento mostra que a aplicação mais popular entre os brasileiros registrou rentabilidade real de 2% em 2022. Maior perda do ano foi do bitcoin, com queda de quase 70%.

Em 2022, a poupança teve o primeiro ano de rendimento real desde 2018, após três anos de ganhos abaixo da inflação oficial do país. No ano passado, a aplicação financeira mais popular do país registrou rentabilidade de 2%, já descontado o aumento de preços pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Um levantamento de Einar Rivero, da consultoria TradeMap, mostra que apenas cinco das 13 principais aplicações financeiras do país apresentaram ganho acima da inflação no último ano.

O maior ganho real foi registrado pelo IHFA, que é um índice do mercado financeiro que calcula a média do desempenho dos fundos de investimento multimercado, com alta de 7,45%. Já a maior perda real foi registrada pelo bitcoin, com uma queda de 68,27% no ano.

Rentabilidade real dos investimentos em 2022: — Foto: g1

Rentabilidade real x Rentabilidade nominal

A rentabilidade real de um investimento é a variação registrada pela aplicação em determinado período, descontada pela inflação desse intervalo de tempo. Em 2022, o IPCA, que reflete a inflação oficial do país, teve um avanço de 5,79%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Estamos falando sobre o quanto esse investimento teve de lucro, já descontando a inflação, é o quanto você ganhou de poder de compra com este investimento”, afirma Tiago Feitosa, consultor de valores mobiliários e professor na T2 Educação.

Para explicar, o especialista dá um exemplo:

  • Imagine que um investimento de R$ 1.000,00 rendeu 10%, tendo, então, um novo valor nominal de R$1.100,00. Se a pessoa que investiu utilizaria esse dinheiro para comprar um bem, é necessário estar atenta, também, à variação do preço do produto. Se o objeto desejado custava R$ 1.100 na data em que o investimento foi feito, com o passar do tempo, até que o prazo do investimento acabasse, o valor do produto poderá ter variado por conta do aumento da inflação. Assim, mesmo que o investimento tenha entregado uma rentabilidade, ela não foi o suficiente para manter o poder de compra do investidor.

José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, explica que é justamente por isso que o investidor deve estar atento ao retorno real dos investimentos, uma vez que é só assim que se conhece a rentabilidade para além da inflação, que corrói o poder de compra da população.

“Ao investir, sempre precisamos analisar a rentabilidade real dos investimentos. Ou seja, a rentabilidade depois de superada a inflação. De nada adianta um investimento ter rendido 8% se a inflação foi 10%, no período, por exemplo. Portanto, o investidor deve considerar sempre que o investimento deve superar a inflação e seu retorno deve estar ajustado ao risco dele”, explica.

Primeira alta da poupança em anos

O especialista em Renda Fixa na Suno Research, Vinicius Romano, comenta que há dois principais motivos para que a poupança tenha entregado ganho real em 2022: os juros altos e a inflação menor do que em 2021.

A rentabilidade da poupança é baseada na Selic, taxa básica de juros. Quando a taxa Selic ultrapassa o patamar de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês, mais a variação da taxa referencial (TR, que é calculada pela média ponderada dos títulos públicos prefixados). Com juros mais altos, a poupança consegue entregar uma rentabilidade mais atrativa.

“Sobre o motivo da alta real, além da taxa de juros mais alta, tivemos um IPCA menor no último ano, enquanto em 2021 ultrapassávamos os dois dígitos (10,06%). No caso de 2020 e 2019, apesar de índices de inflação em níveis menores (4,52% e 4,31%, respectivamente), tínhamos uma taxa Selic muito menor, abaixo dos 8,5% previstos na regra da poupança”, pontua Romano.

Outros investimentos com ganho real

Outro investimento da renda fixa também esteve entre as aplicações com rentabilidade real positiva em 2022. O Certificado de Depósito Interbancário (CDI), título emitido por instituições financeiras para equilibrar as operações entre os bancos, serve como uma referência para os títulos pós-fixados da renda fixa e teve um ganho real de 6,24% no ano passado — bem acima dos 2% da poupança.

Além da poupança, do CDI e do IHFA, as outras duas aplicações com retorno positivo no ano foram o IDIV e o IMA Geral, que subiram 6,49% e 3,66%, respectivamente.

O primeiro deles é o Índice Dividendos, da B3, a bolsa de valores de São Paulo, que é composto pelos ativos que melhor remuneram seus acionistas por meio de dividendos ou juros sobre o capital próprio (JCP).

Já o segundo é Índice de Mercado ANBIMA, que “é formado por uma carteira de títulos públicos semelhante à que compõe a dívida pública interna brasileira”, conforme explica a instituição. “Isso significa que o indicador apresenta os mesmos papéis, na mesma proporção, da dívida”.

Por Bruna Miato, g1
Foto: Joslyn Pickens/Pexels
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