Transtornos de ansiedade são comuns na infância e na adolescência, afetando cerca de 10% a 15% da população nessa faixa etária, principalmente as meninas. Recentemente, esse assunto veio muito à tona por conta do filme Divertida Mente 2, da Pixar, que mostra como são as emoções dentro da mente de uma garota, inclusive a ansiedade.
E, embora a ansiedade seja uma emoção normal, um nível excessivo e persistente dela pode afetar negativamente o desempenho escolar e a vida social da criança e do adolescente.
“A ansiedade não tratada na infância pode persistir na idade adulta, levando a problemas, como dificuldades de relacionamento, baixa autoestima, transtornos de humor e até dependência de substâncias nocivas. Portanto, é importante que pais e cuidadores estejam atentos aos sinais de ansiedade dos filhos, inclusive em bebês”, explica a psicóloga e psicanalista Luciana Inocêncio.
No caso dos adolescentes, a ansiedade pode aparecer por conta de preocupações dessa fase da vida, como o desempenho escolar, a aceitação social de seus colegas e o vestibular. Já no caso das crianças, Luciana explica que um fator que tem aumentado muito os casos é a superexposição às telas.
“Ocorre que, no universo virtual, os pequenos entram numa montanha-russa de emoções, com enxurradas de recompensas e de estímulos que não se reproduzem na vida real. Eles não aprendem a esperar, porque o cérebro fica condicionado a ter sempre uma resposta rápida”, comenta.
Seja qual for o motivo, é importante que os pais e responsáveis consigam notar a ansiedade em crianças e adolescentes e, assim, ajudá-las a buscar o tratamento adequado. Mas quais são os sinais desse problema? Confira a seguir:
Sinais de ansiedade em crianças e adolescentes
Antes de tudo, é preciso destacar que certo grau de ansiedade é normal e até saudável. “No caso das crianças, é comum antes de uma viagem ou de uma apresentação na escola, por exemplo. Nos adolescentes, é comum diante às mudanças corporais, o aumento da libido e em variações de humor – típicos da adolescência”, diz a especialista.
O problema surge quando ela é excessiva e desproporcional às situações reais. E os sintomas ligados a isso podem variar de um adolescente ou criança para outro, contudo 8 dos mais comuns, de acordo com Luciana, são:
- Preocupação excessiva: crianças com ansiedade frequentemente apresentam preocupações intensas e persistentes sobre várias áreas de suas vidas, como desempenho escolar, relações interpessoais ou situações de separação
- Sintomas físicos: a ansiedade pode se manifestar fisicamente em crianças, incluindo dores de cabeça, dores de estômago, tremores, sudorese excessiva e tensão muscular
- Evitação: crianças ansiosas podem evitar situações que as deixem desconfortáveis, como ir à escola, participar de eventos sociais, ou dormir fora de casa
- Irritabilidade: mudanças no comportamento, como irritabilidade, explosões emocionais ou mau humor, podem ser indicativos de ansiedade em crianças
- Pesadelos e medos intensos: crianças com transtornos de ansiedade frequentemente têm pesadelos recorrentes e desenvolvem medos intensos, como medo do escuro, de animais ou de situações específicas
- Dificuldade de concentração: a ansiedade pode prejudicar a concentração e o desempenho acadêmico da criança
- Comportamentos de controle: algumas crianças ansiosas exibem comportamentos de controle, como perfeccionismo extremo, rituais repetitivos ou a busca constante por aprovação
- Ansiedade de separação: caracteriza-se pela preocupação persistente da possibilidade de acontecer algo grave com seus pais ou tutores. Inversamente, a criança e o adolescente também podem se preocupar com a eventualidade de algo acontecer a si mesma, como se perder, ser raptada, ficar doente, ou ficar sozinha na ausência de figuras paternais
O que fazer?
Segundo a psicóloga, ao identificar os sintomas de ansiedade, além de oferecer apoio com empatia e compreensão, é fundamental que os pais busquem orientação de um psicólogo, pois a psicoterapia é o método mais eficaz para a criança e o adolescente aprenderem a lidar com a ansiedade.
Basicamente, é importante que os pais:
- Validem sentimentos: o primeiro passo é a validação dos sentimentos. É fundamental que o jovem não tente reprimir o que está sentindo e entenda que os pais estarão sempre por perto para ajudar. Validar significa mostrar ao seu filho que entende o que ele está sentindo e que não está errado por se sentir assim. Verbalize essa sua compreensão e ofereça ajuda
- Ofereçam escuta ativa e segura: é fundamental que os filhos sintam confiança no diálogo parental, para que esse seja um espaço seguro e acolhedor para eles. Possibilitar que a criança e o jovem possam falar sem julgamento ou interrupções são ações importantes para fomentar um ambiente positivo
- Busquem ajuda profissional: o apoio de um psicólogo é importante. Com ajuda especializada, os pais tendem a entender melhor a causa da crise e criar melhores estratégias de enfrentamento
Fonte: Alto Astral
Foto: Reprodução
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