Um estudo publicado na revista The Lancet trouxe esperança para a prevenção do HIV. A farmacêutica Gilead Sciences apresentou dados sobre o lenacapavir, um medicamento de ação prolongada que pode ser administrado apenas uma vez ao ano. A pesquisa avaliou sua segurança e eficácia, destacando o potencial para revolucionar o combate ao vírus.
Diferente das opções atuais da profilaxia pré-exposição (Prep), que exigem comprimidos diários, o lenacapavir oferece uma alternativa de longa duração. Segundo Paulo Abrão, professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o medicamento faz parte de uma nova classe de antirretrovirais, os inibidores de capsídeo.
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O capsídeo é uma camada que envolve o material genético do HIV e enzimas essenciais para sua multiplicação. O fármaco impede tanto a formação quanto a dissolução dessa estrutura, bloqueando a replicação do vírus no organismo. Sua liberação gradual na corrente sanguínea garante proteção prolongada, mantendo níveis estáveis por meses.
Já aprovado na Europa e nos Estados Unidos para tratar casos de HIV multirresistente, o lenacapavir agora é estudado como uma opção preventiva. Os resultados apontam que, mesmo em pequenas doses, o medicamento oferece bloqueio eficaz contra o vírus, aumentando as expectativas para sua utilização em larga escala.
Apesar do avanço, o alto custo do medicamento é um obstáculo significativo. Segundo um levantamento da Oxford Academy, em novembro de 2024, duas doses do lenacapavir custavam aproximadamente US$ 44 mil, cobrindo o tratamento de um paciente por ano. Paulo Abrão alerta que, devido a esse valor, sua inclusão na rede pública é inviável no momento.
Para ampliar o acesso, a Gilead Sciences busca parcerias para a produção de genéricos em regiões de baixa renda, como a África Subsaariana e partes da Ásia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também tem pressionado por negociações que tornem o tratamento mais acessível.
O lenacapavir surge como uma promessa para a prevenção do HIV, funcionando de maneira semelhante a uma “vacina anual”. No entanto, o desafio de equilibrar avanços científicos com a realidade financeira do setor de saúde segue sendo um entrave para sua ampla distribuição.
Por Victor Santana Costa
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7