Uma mulher, que optou por não revelar sua identidade, afirma ter perdido quase R$ 100 mil após cair em um golpe por telefone, em Jataí, no sudoeste goiano. A vítima recebeu uma mensagem no celular sobre um programa de pontos, mas ao clicar no link, foi informada que seu celular havia sido invadido e, segundos depois, recebeu uma ligação dos criminosos, se passando por funcionários do banco.
“Um número 0800 me ligou dizendo que era da central do banco e que meu telefone havia sido hackeado. Disse que eu devia ir até uma agência mais próxima, no caixa eletrônico, para estornar as operações. Falava muito bem essa palavra ‘estornar’”, afirma.
A vítima foi até a agência bancária por dois dias seguidos e fez todas as operações que os criminosos pediram por telefone. A todo tempo, ela acreditava que estava resolvendo a situação com funcionários do banco.
Foram feitos empréstimos, transferências com o dinheiro da poupança e compras no cartão de crédito da vítima, inclusive, para pagar impostos de outros estados do país.
A mulher só descobriu o golpe quando um atendente da agência bancária a abordou para perguntar porque ela estava demorando tanto no caixa eletrônico. Depois que a vítima explicou a situação, o funcionário verdadeiro a orientou a procurar o caixa convencional e conversar com uma atendente. A funcionária afirmou que a situação era um golpe e pediu para que a vítima registrasse um boletim de ocorrência.
Em nota, o Banco do Brasil reforçou que “ligações que solicitam qualquer documento, senhas, dados cadastrais e financeiros, estornos, realização de transferências ou instalação de aplicativos não são práticas das instituições financeiras” e que, por esse motivo, “os clientes não devem, em hipótese alguma, digitar ou informar senhas no aparelho telefônico quando não efetuaram a ligação de forma ativa e espontânea”.
Disse também que “disponibiliza atendimento para notificações sobre golpes ou fraudes pelo App BB e Central de Atendimento, 24 horas por dia, nos sete dias da semana, além de atendimento nas agências em todo o país, em horário comercial”. Confira a nota na íntegra ao final da reportagem.
Investigação
O caso aconteceu no final de julho, mas até hoje continua sendo investigado pela Polícia Civil. De acordo com o delegado do caso, Ederson Bueno, nenhum suspeito foi identificado até o momento.
“A polícia busca informações sobre o destino do dinheiro. Isso depende de autorização judicial e demora um pouco. Aliás, todas as investigações de estelionato que envolvem transferência bancária são demoradas para apuração”, afirmou Bueno.
Vergonha
A vítima afirma que se sentiu muito envergonhada por ter caído no golpe. Por isso, não quis expor o crime logo de início. Mas após ver uma reportagem sobre o assunto, no dia 5 de setembro, decidiu que precisava buscar por justiça.
Até o momento, a mulher não conseguiu o dinheiro que perdeu de volta. “Eu só estou conseguindo falar sobre isso depois de um mês. Nos primeiros dias eu morria de vergonha de falar pra alguém o que eu estava passando, que eu tinha feito uma bobeira dessa, que eu tinha caído num golpe desse”, lamentou.
Sobre a possibilidade de devolver os quase R$ 100 mil da vítima, o Banco do Brasil respondeu somente que “os processos de contestação são analisados por área técnica” e que “caso esse parecer indique o encerramento do processo com responsabilidade do Banco, a cliente será integralmente ressarcido no valor da contestação”.
Nota na íntegra Banco do Brasil
O Banco do Brasil avalia todas as contestações apresentadas pelos clientes e disponibiliza atendimento para notificações sobre golpes ou fraudes pelo App BB e Central de Atendimento (4004-0001), 24 horas por dia, nos sete dias da semana, além de atendimento nas agências em todo o país, em horário comercial.
Os processos de contestação são analisados por área técnica que define as responsabilidades das partes, cliente e Banco, na ocorrência. Caso esse parecer indique o encerramento do processo com responsabilidade do Banco, o cliente é integralmente ressarcido no valor da contestação.
Ligações recebidas por clientes que solicitam qualquer documento, senhas, dados cadastrais e financeiros, estornos, realização de transferências ou instalação de aplicativos não são práticas das instituições financeiras, portanto, os clientes não devem, em hipótese alguma, digitar ou informar senhas no aparelho telefônico quando não efetuaram a ligação de forma ativa e espontânea.
Por Larissa Feitosa, g1 Goiás
Foto: Reprodução
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