Mounjaro ganha nova função: medicamento agora trata apneia do sono em pacientes obesos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no último dia 20 de outubro, o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) em adultos com obesidade. A decisão amplia as indicações do fármaco, que até então era utilizado no país apenas para o controle do diabetes tipo 2 e para o manejo do peso corporal.
Com a nova aprovação, o Mounjaro passa a ser uma alternativa terapêutica específica para quem enfrenta dificuldades respiratórias durante o sono, condição comum entre pessoas com obesidade. A decisão da Anvisa foi baseada em estudos clínicos de fase 3 que demonstraram resultados significativos na redução dos episódios de apneia e em melhorias gerais da saúde.
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A pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine, contou com a participação de 469 adultos com obesidade e AOS moderada a grave. Os voluntários foram divididos em dois grupos: um que não utilizava o CPAP — aparelho que mantém as vias aéreas abertas durante o sono — e outro que já fazia uso do equipamento. Após 52 semanas de tratamento, o grupo sem CPAP apresentou redução média de 25,3 eventos de apneia por hora, enquanto o grupo com CPAP registrou queda de 29,3 eventos. Em comparação, os participantes que receberam placebo reduziram cerca de cinco eventos por hora.
Além da melhora respiratória, o estudo apontou benefícios adicionais, como perda significativa de peso, redução da pressão arterial sistólica e queda nos níveis da proteína C-reativa de alta sensibilidade (hsCRP), marcador inflamatório relacionado a doenças cardiovasculares.
O Mounjaro atua de forma combinada nos receptores GLP-1 e GIP — hormônios responsáveis por regular o apetite e o metabolismo da glicose —, promovendo maior saciedade, controle do apetite e consequente perda de peso.
Para especialistas, a aprovação representa um avanço relevante no tratamento da apneia obstrutiva do sono em pacientes obesos. O medicamento pode, em alguns casos, complementar ou até substituir o uso do CPAP. No entanto, médicos alertam que a indicação deve ser feita de forma individualizada, considerando o histórico e as condições clínicas de cada paciente.
Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7
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