Vocês conhecem o policiamento ostensivo 24 horas – aquele que todo candidato a prefeito promete na campanha política? – Pois bem, é lá no cursinho que essa promessa é concretizada.
Relações interpessoais e pedagógicas lá tem o formato de blitz. (Curioso: aprendi que o plural de blitz é blitzen!). Então vá lá: blitzen no plural mesmo, já que todo dia tem uma. Esse departamento atende pelo eufemismo de COORDENAÇÃO.
Os motivos das blitzen? – Uniforme, sempre ele! E lá vem o general de brigada para o ataque. O que está pegando agora? – Horário: chegar no horário, não sair fora do horário, rir só no horário… A propósito, o vestibulando ri em todos os horários porque sabe que está sendo filmado!
Quando a coordenadora adoece, é substituída, temerariamente, pela suplente-sargenta, uma secretária tão eficiente quanto a titular na logística preventiva e repressiva.
Pode acontecer com qualquer um. Aconteceu comigo. Fui chamado à sala de coordenação de “segurança máxima”. Crime: uso de material alheio à aula. Inafiançável. Só porque eu estava na rede… E quem falou que o celular é alheio? Então não sabem que o celular e eu temos uma identidade só? – Mas ainda não acabou. Tive de fazer um B.O. e um monte de promessas (a maioria delas irrealizáveis) que eu até já esqueci. Assinei. Daquele momento em diante eu deixava de ser réu primário. Como todos veem, uma flagrante afronta aos direitos humanos.
Aí voltei pra sala, meio que assobiando para disfarçar. Claro que tive de enfrentar aquele risinho ridículo da galera, feliz pela desgraça alheia. E me dirigi – sempre mantendo a pose – ao fundão, porque lá é meu lugar. Eu sempre me dei bem com ensino à distância.
Frase opcional: Já prestou serviço militar? Não precisa. Faça cursinho. A tortura é a mesma com a vantagem que aqui você corre o risco de ser aprovado numa universidade.
Colunista: Prof: Jorge Pita
Revisão: Rosana de Carvalho
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