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Já é de conhecimento popular a informação de que os seres humanos estão no topo da cadeia alimentar e que o motivo desta posição seria a nossa capacidade de utilizar a linguagem...

Já é de conhecimento popular a informação de que os seres humanos estão no topo da cadeia alimentar e que o motivo desta posição seria a nossa capacidade de utilizar a linguagem. Muitos estudiosos já tentaram desenvolver pesquisas que buscassem encontrar nos animais algo que se assemelhasse a esta que, até então, configura-se como uma habilidade exclusivamente humana. O máximo que se descobriu foi caracterizado como uma forma de comunicação animal que nem se aproxima do nível de complexidade apresentado pela linguagem. No caminho inverso, há aqueles que estão convencidos da “superioridade do homem” nesse quesito e se questionam sobre o que teria feito dos seres humanos tão diferentes. A resposta para isso pode ter sido descoberta há algum tempo.

Pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), desde 1990, vêm investigando o poder que um gene, chamado FOXP2, teria sobre a habilidade que nós, seres humanos, temos de desenvolver linguagem. Em um desses estudos, os cientistas analisaram uma mutação do FOXP2 que ocorreu em alguns membros de uma família britânica. Curiosamente, os membros dessa família que apresentavam tal mutação tinham graves dificuldades relacionadas à aprendizagem da fala. Esse foi o estopim que motivou diversas pesquisas que passaram a tomar como foco a relação entre o gene FOXP2 e o desenvolvimento da linguagem nos seres humanos.

Indo mais longe, diferentes pesquisadores se dispuseram a investigar o comportamento do FOXP2 em outros animais. Até agora, alguns camundongos já receberam uma versão do gene, que, com o tempo, fê-los aprender mais facilmente algumas tarefas. Questões éticas impediram os cientistas de testar essa mesma experiência usando como cobaias chimpanzés. Pode ser que nunca saibamos o resultado que seria obtido desta prática. Se o gene FOXP2 exercesse nos chimpanzés o mesmo efeito que provocou nos ratos, talvez, no futuro, estivéssemos vivendo algo parecido com o que se vê narrado na franquia “Planeta dos macacos”.

Aos que devem estar se perguntando sobre a possibilidade de os ratos utilizados nas pesquisas aprenderem a falar, adianto que isso muito dificilmente deve acontecer. Não podemos confundir o desenvolvimento da linguagem como restrito uso de uma determinada língua para nos comunicarmos uns com os outros. Mesmo aquelas pessoas que, por algum motivo, estão impossibilitadas de falar, ainda assim têm a linguagem desenvolvida. Para sintetizar: a linguagem é uma capacidade cognitiva que apenas nós seres humanos temos de processar informações e interagirmos uns com os outros por meio de um determinado código complexo, seja ele qual for. A língua é apenas um deles. Mas não o único (lembre-se da prova do ENEM que traz o nome linguagens e códigos, assim mesmo, no plural). E essa possibilidade de utilização de vários códigos que temos à nossa disposição é que nos colocou, enquanto seres humanos, no nível de evolução que atingimos, atualmente.

Prof. Me. Sebastião Carlúcio

Graduado em Letras – Português pela Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí; Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia; Doutorando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia; Professor no Campus Jataí da Universidade Estadual de Goiás; Editor-chefe do periódico científico LOGALI, mantido pelo Campus Jataí da Universidade Estadual de Goiás; Professor de Língua Portuguesa (Gramática) no pré-vestibular Dinâmico.

Colunista: Prof. Me. Sebastião Carlúcio
Revisão: Rosana de Carvalho
Jornalismo Portal Panorama

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