Cientistas suspeitam que os microplásticos tenham sido ingeridos ou inalados antes de chegar ao esperma pela corrente sanguínea.

A cada dia, a ciência descobre mais lugares onde os microplásticos chegam dentro do corpo humano — agora, pesquisadores chineses encontraram as partículas no esperma. A descoberta, que será publicada na edição de agosto da revista Science of the Total Environment, mostra novas evidências de que os plásticos podem estar em praticamente todas as partes do organismo.

Em maio deste ano, um outro grupo de cientistas, desta vez dos Estados Unidos, anunciou ter encontrado micropartículas de plástico nos testículos humanos. Outra pesquisa mostrou a presença dos poluentes em amostras de placentas.

Microplásticos no esperma humano

Para o novo estudo, uma equipe de pesquisadores de universidades e laboratórios chineses analisou amostras de fluido seminal fornecidas por 36 homens do interior da China. Todas elas continham fragmentos microscópicos de plástico.

Partículas de poliestireno (PS) foram o tipo mais abundante encontrado, e correspondem a quase um terço do plástico identificado. Também foram identificados outros sete polímeros.

Os pesquisadores suspeitam que os fragmentos de poliestireno, polietileno e PVC tenham sido ingeridos ou inalados pelos voluntários. Depois de entrarem na corrente sanguínea, eles teriam atravessado a barreira hemato-testicular para as vesículas seminais.

Os pesquisadores também encontraram espermatozoides nadando no fluido seminal ao lado dos fragmentos de plástico. Muitos dos gametas eram curtos, curvados, enrolados ou tinham caudas irregulares e alguns pareciam ter dificuldade para se mover adequadamente, o que chamou a atenção dos cientistas.

A barreira hemato-testicular deveria impedir a entrada de substâncias nocivas, como toxinas, medicamentos, vírus e bactérias que podem causar danos às células germinativas e comprometer a produção de espermatozoides.

Os pesquisadores ponderam que, embora as observações sejam convincentes, o estabelecimento de uma relação direta de causa e efeito entre a exposição a microplásticos e as anomalias nos espermatozoides “ainda está por vir”.

Não está claro quais são os efeitos das micropartículas de plástico no corpo humano, mas o potencial de toxicidade reprodutiva preocupa os cientistas. A queda na contagem de espermatozoides em todo o mundo é frequentemente associada à poluição química.

Por Bethânia Nunes
Foto: Getty Images
Jornalismo Portal Pn7

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