Mercado de Seminovos Bate Recorde no Brasil

O mercado de veículos seminovos no Brasil está em ritmo acelerado. Consequentemente, deve fechar 2025 com um novo recorde histórico, segundo a Fenauto (Federação Nacional das Associações de Revendedores de Veículos Automotores). A entidade prevê a negociação de mais de 18 milhões de unidades usadas no próximo ano, o que representa um crescimento de 15% em relação a 2024.

Dados Atuais Superam Expectativas

Dados até a segunda semana de dezembro já mostram 17,9 milhões de carros usados vendidos em 2024. Desse total, 3,3 milhões estão na categoria “seminovos” (até três anos de fabricação). Portanto, o número supera com folga os 15,7 milhões de todo o ano passado. Além disso, a relação entre a venda de usados e zero quilômetro evidencia a tendência. Segundo a Anfavea, para cada carro zero vendido atualmente, 5,4 seminovos ou usados são comercializados. Em contraste, em 2023, essa proporção era de 4,6 para 1.

Novo Público no Volante Puxa Demanda

Executivos do setor apontam um novo perfil de consumidor. Além dos fatores tradicionais como juros altos, a demanda é puxada por trabalhadores autônomos. Eles atuam como motoristas de aplicativo ou entregadores para plataformas de e-commerce. “Com as pequenas entregas de vendas pela internet, criou-se um novo mercado para veículos com menos tempo de uso”, afirma Enilson Sales, presidente da Fenauto.

Expansão do Trabalho por Aplicativo

Para ilustrar, estudos confirmam a expansão desse contingente. A Amobitec registrou um aumento de 35% no número de motoristas cadastrados nas principais plataformas entre 2022 e 2024. Da mesma forma, a Lalamove, plataforma de entregas, relatou alta de 21% no número de motoristas ativos que usam carros.

Autonomia e Jornada Dupla São Atrações Chave

Muitos desses trabalhadores buscam autonomia e flexibilidade. Cristiano Dória, sócio da consultoria Roland Berger, observa que a gestão do próprio tempo é um grande atrativo. Adicionalmente, a possibilidade de complementar a renda atrai muitos. Hugo Silva, vigilante que complementa a renda com entregas no Rio, exemplifica: “Trabalho de acordo com minha disponibilidade”.

Carro Zero Quilômetro Perde Espaço

Por outro lado, o carro zero quilômetro tornou-se menos acessível. A migração das montadoras para a produção de SUVs elevou o preço médio. Da mesma forma, a incorporação de tecnologia obrigatória e a preferência por câmbios automáticos contribuíram. Como resultado, um Hyundai HB20 2024 seminovo custa 28% menos que a versão zero, segundo a tabela Fipe.

Vantagens do Seminovo Vão Além do Preço

Além do preço de compra, outros fatores pesam a favor do seminovo. O custo de seguro é mais baixo, assim como a depreciação inicial. Outro ponto positivo é a ausência de taxas como emplacamento. Por fim, as locadoras também dinamizam o mercado, ofertando carros com até três anos de uso a preços competitivos.

Crédito Direciona Escolha, Mas Entrada é Obstáculo

O crédito caro, em um cenário de juros elevados, também direciona a escolha. Até outubro, foram financiados 3,8 milhões de carros usados. Em comparação, foram apenas 2,2 milhões de zero quilômetro. No entanto, a exigência de uma entrada alta ainda é uma barreira para muitos, como no caso de Dharllem Rocha, motorista de Uber.

Perspectiva das Montadoras é de Tranquilidade

Apesar do aquecimento do mercado de seminovos, as montadoras não demonstram preocupação. “Não ficamos assustados porque também há crescimento nas vendas de novos”, afirma Andrea Serra, diretora da Anfavea. Em resumo, a combinação entre transformação digital no trabalho e fatores econômicos consolida o seminovo como a escolha predominante do motorista brasileiro.