O maior estudo até hoje sobre a ivermectina como auxiliar no combate à Covid-19 concluiu que o antiparasitário tem efeito equivalente ao placebo (tratamento inócuo usado como controle) na prevenção de hospitalizações pela doença. O resultado foi publicado com exclusividade pelo jornal The Wall Street Journal.
O trabalho, liderado pela Universidade McMaster, no Canadá, envolveu 1.400 pacientes com Covid-19 com risco de doença grave. Um grupo recebeu comprimido de antiparasitário durante três dias, enquanto outro tomou o placebo. “Não houve indicação de que a ivermectina seja clinicamente útil”, afirmou ao jornal Eward Mills, professor de ciências da saúde da instituição e principal autor do estudo.
Usada no tratamento de infecções por parasitas, como piolhos, sarnas e lombrigas, a ivermectina foi promovida de forma controversa como um “tratamento precoce” para Covid-19 no início da pandemia no Brasil e integra o chamado “kit Covid”, junto com outras drogas sem eficácia contra a doença. Em julho de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou a utilização do remédio para esse fim.
Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), responsável pela regulação de medicamentos, também desaconselha a droga para para esse propósito. Mas isso não tem impedido grupos de negacionistas de promover o uso da ivermectina contra a Covid-19. No ano passado, o famoso apresentador de podcast Joe Rogan declarou ter tomado o remédio quando foi infectado com o coronavírus.
O novo estudo canadense, que mostrou que a droga não foi capaz de atuar na redução de hospitalizações, foi revisado por pares. “Este é o primeiro grande estudo prospectivo que deve realmente ajudar a acabar com a ivermectina e não dar credibilidade ao uso dela para o Covid-19”, afirmou Peter Hotez, reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical do Baylor College of Medicine, um dos revisores do trabalho.
Fonte: Agência O Globo
Foto: Dirceu Portugal / Agência O Globo
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