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“Magrinho! Magrinho! Magrito! Maguito!” Foi assim, das arquibancadas e alambrados dos campos de Jataí, que veio a mudança do nome de Luiz Alberto Vilela para Maguito Vilela. “Eu era muito magrinho e a torcida pedia que eu entrasse em campo. Às vezes eu ficava na reserva do time da Jataiense, para entrar no time adulto”, relatou o candidato no documentário Maguito – Uma Trajetória Política, realizado como trabalho de conclusão de curso da jornalista Ana Paula Moreira na PUC Goiás. “Eu era um jogador de futebol muito conhecido na cidade e aí pediram que eu me candidatasse a vereador, em 1976. Eu me candidatei e fui eleito.”
Jataí perdia um jogador ágil, mas a política goiana ganhava um nome hábil que, no decorrer da carreira, soube conversar com muitas forças distintas. “Esta é uma de suas características. É um homem do diálogo”, reforça o filho, Daniel Vilela. Nascido em uma família com muitos laços com a zona rural, Maguito passou a ser uma liderança na região, mas sem abrir mão das raízes que cultiva até hoje. Eleição após eleição, cargo após cargo, o ex-atleta, que chegou a jogar profissionalmente no seu time de coração, se dividiu entre esses espaços formadores.
Durante o mandato de seis anos de vereador, ele conheceu, em 1982, o então candidato a governador Iris Rezende Machado, que voltava à vida pública depois de ter recuperado seus direitos políticos, cassados na Ditadura Militar. Ele engajou-se na campanha, sendo também candidato à Assembleia Legislativa. Foi eleito deputado estadual com mais de 24 mil votos. Em seguida, Iris o transformou em seu líder no Legislativo estadual. Tudo isso fez a ascendência de Maguito firmar-se nas hostes do então PMDB. O crescimento de seu nome foi algo natural.
Em 1986, Maguito candidatou-se para uma vaga na Câmara dos Deputados e foi eleito com cerca de 35 mil votos. Ele foi uma das vozes que defenderam a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, sendo um dos parlamentares que ajudaram a redigir a nova Carta Magna, promulgada em 1988. Como deputado federal, manteve pontes com os mais variados setores da sociedade, dos mais conservadores aos mais progressistas. Conversava com produtores rurais e sindicatos de professores, ouvindo e apoiando propostas de ambos.
Isso fez com que Maguito conseguisse bom trânsito em várias esferas políticas e partidos, algo que o acompanha até hoje, nas coligações que conseguiu costurar para suas disputas. Essa habilidade de diálogo o levou à vaga de vice-governador na chapa vitoriosa de Iris Rezende na eleição de 1990. Quando o próximo pleito chegou, em 1994, sua escolha para disputar o Palácio das Esmeraldas foi consensual. Era o nome do PMDB para continuar a governar o Estado e dar prosseguimento ao projeto administrativo do partido.
Durante seu governo, Maguito buscou imprimir uma marca pessoal, algo que seu antecessor havia feito com obras viárias e mutirões de moradia. A dele foi a implantação de programas sociais, como a distribuição de cestas básicas e o fornecimento de pão e leite a crianças de famílias que ganhassem até um salário mínimo. Outra prioridade de sua gestão foi a construção de ginásios de esportes por cidades do interior do Estado. Sua administração foi bem avaliada, mas ele não tentou a reeleição ao governo.
No documentário sobre sua trajetória política, Maguito afirma que tal decisão deveu-se à sua discordância quanto ao estatuto da reeleição, mas na época comentou-se que ele foi levado a abrir espaço para a candidatura de Iris Rezende, que desejava voltar ao governo. Naquela eleição de 1998, Maguito saiu candidato ao Senado, sendo eleito com quase 70% dos votos válidos. Enquanto isso, Iris amargou sua primeira derrota para um jovem deputado federal do PSDB, Marconi Perillo. Maguito enfrentaria Marconi na eleição seguinte, em 2002, e perderia.
Depois de 8 anos no Senado, Maguito foi nomeado para uma das vice-presidências do Banco do Brasil até que, em 2008, convencido por lideranças políticas locais, ele aceitou o desafio de voltar a disputar uma eleição, desta vez para a prefeitura de Aparecida de Goiânia. No pleito anterior, Iris Rezende havia triunfado, tornando-se prefeito de Goiânia. Iris tentava a reeleição e eles afinaram o discurso. Resultado: uma vitória convincente. “Eu fui veementemente contra na ocasião”, admite o filho Daniel Vilela, no documentário sobre seu pai.
Segundo Daniel, sua resistência devia-se ao temor de que Maguito herdasse uma cidade impossível de administrar por conta dos problemas financeiros. “Todos diziam que a conta em Aparecida não fechava. Haveria uma expectativa muito grande em torno de meu pai e eu temia que a frustração viesse na mesma proporção.” Maguito, porém, fez uma gestão elogiada e cheia de obras na cidade, sendo facilmente reeleito em 2012. Também fez seu sucessor, Gustavo Mendanha, em 2016, que acaba de ganhar mais um mandato.
Com esse cartão-de-visitas, Maguito se apresentou para disputar a sucessão de Iris Rezende em Goiânia. O adoecimento pela Covid-19 não o impediu de ir para o segundo turno, liderando a corrida eleitoral contra o senador Vanderlan Cardoso. Neste momento, ele enfrenta o maior desafio à sua saúde em toda a vida. “Meu pai corre uma hora na esteira, cuida da alimentação, joga bola até hoje. Acho que isso criou uma reserva que está sendo importante agora, neste momento tão difícil. Mas tenho fé de que tudo vai dar certo”, afirma o filho Daniel Vilela.
Pacificador, tímido e amante da terra
Nascido em Jataí em 24 de janeiro de 1949, Maguito Vilela herdou do pai o amor pela terra. Esses laços que vêm desde a infância são parte integrante da personalidade deste pai de 4 filhos de dois casamentos (Vanessa, Daniel, Maria Beatriz e Miguel) e avô de 4 netos (Maria Laura, Fred, Marcela e Luiza). Maguito aprecia comida da roça e não raramente é visto parando na beira da estrada para comprar frango caipira ou alguns quilos de polvilho para as receitas com sabor de interior, com o gosto que a política não foi capaz de fazê-lo abandonar.
“Estar na fazenda é o que ele mais gosta na vida”, afirma o filho, Daniel Vilela. “Ele até andou viajando mais, passando férias na praia, mas quando ele está na fazenda, é outra pessoa. Ele gosta muito de andar a cavalo. Anda o dia inteiro, se puder. Daí ele volta com aquele monte de frutos do Cerrado, que o povo da roça mesmo diz que só cavalo come. Mas ele adora e fica oferecendo. Claro que ninguém come, só ele”, complementa. “Daí ele responde que não tem problema, que quando era menino comia, que está acostumado.”
A grande fazenda do pai foi dividida depois que o patriarca morreu e coube a Maguito uma parte das terras que não tinha sede, mas que ele aceitou sem criar problemas. “Ele é assim, agregador. Faz de tudo para evitar confusão”, explica Daniel. “E o engraçado que foi justamente essa parte, uma ponta da fazenda que era meio refugo, que hoje está dentro da cidade. Acabou se tornando a melhor parte. Ele arrenda para lavoura.” A fazenda onde Maguito costuma reunir família e amigos é uma outra, que ele recebeu como honorários de advogado.
“Quando ele recebeu essa terra, tudo ali era baratinho. Diziam que o solo era ruim, que não dava nada. Hoje é uma das terras mais valorizadas do Estado”, sublinha Daniel. Ali, Maguito se sente à vontade e se dedica a uma adoração: gado de leite. “É a paixão e o problema dele”, admite o filho. “Vive reclamando do preço, mas também não larga o gado de leite de jeito nenhum.” Assim como não largou mais a política. “Ele é muito diplomático, pacífico, não é belicoso. Nunca ouvi meu pai falar um palavrão. É um ponto de convergência, até na família.”
Maguito também se caracteriza pela timidez. “Meu pai tem um amigo, o Mirim, companheiro de infância. É um irmão pra ele, um tio pra mim, e ele fica muito na casa do meu pai. Só que ele é espontâneo, brinca, fala bastante besteira pra divertir. Todo mundo cai na risada e quando a gente olha pro meu pai, ele tá vermelho de vergonha, rindo também, mas falando que o Mirim não pode dizer aquelas coisas para os outros. É engraçado ver como duas pessoas tão diferentes são tão unidas”, admira-se Daniel. Um jeito Maguito de lidar com as diferenças.


Fonte: O Popular
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