Ludomania: transtorno do jogo atinge até 2,7 milhões de brasileiros

Ludomania: transtorno do jogo atinge até 2,7 milhões de brasileiros

Mais de 36% dos brasileiros já participaram de jogos de azar online, segundo pesquisa recente do PoderData. Estimativas do Senado indicam que a ludopatia – também chamada de ludomania – atinge entre 1% e 1,3% da população, o que representa até 2,7 milhões de pessoas. Com a popularização das plataformas de apostas, especialistas apontam um problema de saúde pública que afeta não apenas os jogadores, mas também suas famílias.

A ludomania é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde e pela psiquiatria como um transtorno de controle dos impulsos. Quem sofre do problema sente a necessidade de apostar com frequência crescente, mesmo diante de perdas financeiras, prejuízos emocionais e conflitos familiares.

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Segundo o psicólogo clínico Leonardo Teixeira, especializado em comportamentos compulsivos, a entrada no ciclo é muitas vezes sutil. “As plataformas de apostas funcionam como um algoritmo que recompensa logo no início, gerando pequenas vitórias que criam a ilusão de controle. O cérebro libera dopamina e a pessoa começa a acreditar que pode recuperar qualquer perda. A cada rodada, a necessidade de apostar aumenta”, explica.

Esse processo, conhecido como ciclo da compulsão, mistura sensação de quase vitória, necessidade de apostar valores maiores e pensamento automático, quando a mente busca a aposta antes mesmo que a pessoa perceba.

Impactos emocionais e sociais

Além da perda financeira, a ludomania prejudica a autoestima. O jogador entra em um ciclo de esperança e frustração, marcado por vergonha e isolamento social. “O comportamento compulsivo corrói a identidade da pessoa. Ela se sente fracassada, evita contar a verdade para familiares e muitas vezes se distancia de amigos e parceiros”, destaca Leonardo.

A compulsão também repercute no ambiente doméstico, provocando desconfiança, discussões frequentes e ocultação de dívidas, sinais que muitas vezes são percebidos primeiro pela família.

Segundo o psicólogo, é importante diferenciar comportamento de risco de um simples hábito. “Se a pessoa consegue parar quando decide, estamos falando de hábito. Mas, se ela perde o controle e aposta mesmo sem querer, isso já é vício e precisa de tratamento”.

Como identificar a ludomania

  • Jogos frequentes e em valores cada vez maiores

  • Ansiedade ou irritabilidade quando não consegue jogar

  • Mentiras e segredos sobre perdas financeiras

  • Endividamento ou uso de dinheiro destinado a outras contas

  • Isolamento social e abandono de atividades antes prazerosas

Onde buscar ajuda

  • Atendimento psicológico especializado em transtornos de comportamento

  • Acompanhamento médico em casos graves, com possibilidade de uso de medicação

  • SUS: CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) oferecem apoio gratuito em saúde mental

  • CVV (188): apoio emocional gratuito e sigiloso, 24 horas por dia

  • Grupos de apoio presenciais e online, que ajudam familiares e jogadores a compartilhar experiências

 

Por Gessica Vieira
Foto: Reprodução
Jornalismo Portal Pn7

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Gessica Vieira

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