Relação apresentada pelos delatores da empresa a investigadores da Lava Jato tem R$ 6,1 milhões repassados a dezenas de políticos de Goiás que disputaram eleições...

Uma lista apresentada pelos delatores da JBS aos investigadores da Lava Jato joga luz sobre o montante utilizado pela empresa para financiar políticos goianos nas eleições de 2014. As informações contidas no documento mostram que pelo menos 34 candidatos do Estado receberam R$ 6,1 milhões naquele ano (veja quadro abaixo).

Os valores foram quase todos declarados em prestações de contas entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas cerca de 92% chegaram às campanhas por meio de doações das direções partidárias e comitês financeiros, o que dificultava a identificação do caminho do dinheiro.

O documento apresentado pelo presidente da empresa, Joesley Batista, e pelo diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud, foi publicado pelo portal Congresso em Foco e aponta para o financiamento de campanhas de 1.829 candidatos de 28 partidos na disputa eleitoral de 2014 em todo o Brasil.

Entre os goianos citados como recebedores naquele ano, estão seis dos deputados federais eleitos e oito deputados estaduais. Entre os derrotados, estão o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide (PT) e o prefeito Iris Rezende (PMDB), que disputaram o governo naquele ano, Marina Sant’Anna (PT), que tentou uma vaga no Senado, além de cinco candidatos a deputado federal e 12 a deputado estadual.

Formas variadas

Em sua delação premiada, Joesley afirmou que os pagamentos foram feitos de formas variadas. “Tem pagamento via oficial, caixa um, via campanha política, tem via caixa dois, tem via dinheiro em espécie. Basicamente essa é a forma de pagar. Normalmente acontece o seguinte: se combina o ilícito, se combina o ato de corrupção com o político, com o dirigente do poder público, e daí pra frente se procede o pagamento. Os pagamentos são feitos das mais diversas maneiras. Seja nota fiscal fria, seja dinheiro, caixa 2, até mesmo doação política oficial”, disse Joesley.

Como a lista apresentada pelos empresários não apresenta qualquer diferenciação entre doações diretas e indiretas declaradas ao TSE ou caixa dois, a reportagem fez cruzamento entre as informações contidas na mesma e aquilo que os candidatos declararam à Justiça Eleitoral em suas prestações de contas finais.

Diferença

Dos 6,1 milhões que a JBS diz der utilizado para financiar campanhas de goianos, há uma diferença de R$ 100 mil atribuídos a Iris Rezende. Conforme a lista, o prefeito da capital teria recebido R$ 500 mil da empresa na última vez que disputou o governo estadual.

No entanto, ele declarou ao TSE que recebeu R$ 400 mil, repassados em duas parcelas iguais pela direção nacional de seu partido, o PMDB, e pela campanha do presidente Michel Temer (PMDB), que na ocasião disputava as eleições como candidato a vice da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O prefeito nega a existência de caixa dois, aponta que todos os valores recebidos foram declarados oficialmente e que não sabia que a origem dos recursos repassados à sua campanha era da JBS. Sua assessoria informou que o prefeito “cumpriu todos os requisitos legais e que as doações para as campanhas de 2010 e de 2014 foram devidamente declaradas e aprovadas por unanimidade”. “Iris Rezende ressalta sua tranquilidade em relação ao assunto e sua disposição para que os fatos sejam elucidados o mais breve possível”, continua a nota.

Fonte: O Popular
Jornalismo Portal Panorama

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