11 de dezembro de 2024
Justiça Eleitoral decide pela inelegibilidade de Caiado e cassação de Mabel
Governador de Goiás e prefeito eleito são condenados por abuso de poder político em eventos realizados no Palácio das Esmeraldas; decisão ainda cabe recurso.

O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) determinou, em primeira instância, a inelegibilidade do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), por oito anos, além da cassação do prefeito eleito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), e sua vice, Coronel Cláudia (Avante). A sentença da juíza Maria Umbelina Zorretti aponta abuso de poder político nas eleições municipais deste ano, relacionado ao uso indevido do Palácio das Esmeraldas, sede do governo estadual.

De acordo com a decisão, Caiado teria promovido jantares entre os dias 7 e 9 de outubro, logo após o primeiro turno, para beneficiar a campanha de Sandro Mabel. Os eventos, realizados no Palácio das Esmeraldas, reuniram líderes políticos e, conforme os autos, contaram com alimentos, bebidas e decoração. “O bem imóvel utilizado pelo investigado Ronaldo Caiado para a realização dos eventos constitui bem público de uso especial nos termos do artigo 99, inciso II, do Código Civil Brasileiro”, destacou a magistrada.

Durante os encontros, vídeos e declarações creditadas ao governador reforçam, segundo o TRE, o caráter eleitoral dos eventos. Uma fala específica de Caiado foi anexada ao processo: “Vocês não estão aqui como pessoa física não, vocês estão aqui como líderes que vocês são e vocês colocaram seus nomes para disputar uma eleição municipal! (…) Eu ao ter o Sandro Mabel lá na prefeitura, eu tenho acesso para resolver os problemas da minha região e ele vai resolver porque tem o apoio do governador Ronaldo Caiado”.

A denúncia partiu de Fred Rodrigues (PL), adversário derrotado por Mabel no segundo turno. Ele acionou a Justiça Eleitoral pedindo a inelegibilidade do governador, do prefeito eleito e da vice, alegando desequilíbrio no pleito. A ação foi corroborada pelo Ministério Público, que viu indícios de abuso de poder político.

Além do uso de um prédio público, o processo destaca que servidores, materiais e recursos do governo estadual foram empregados nos eventos, configurando favorecimento ilícito à campanha de Mabel. As imagens dos jantares, amplamente divulgadas nas redes sociais e na imprensa, também foram utilizadas como provas no julgamento.

Apesar da condenação, a defesa de Caiado e Mabel pode recorrer. Enquanto isso, a decisão representa um marco importante no combate ao abuso de poder político em Goiás, colocando em xeque práticas que comprometeram a normalidade do processo eleitoral.

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