CAPA ALCOOLDUTO
O alcoolduto que deveria chegar a Itumbiara no próximo ano e, depois, até Quirinópolis e Jataí, pode sofrer novo atraso na sua implantação

O alcoolduto que deveria chegar a Itumbiara no próximo ano e, depois, até Quirinópolis e Jataí, pode sofrer novo atraso na sua implantação por causa da decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de travar o financiamento de R$ 5,8 bilhões para a Logum Logística continuar a obra.

Com 850 quilômetros, o alcoolduto atravessa quatro Estados brasileiros e requer mais de R$ 7 bilhões em investimentos. A proposta final é levar o duto até Jataí para permitir o transporte da produção de álcool do interior de Goiás até Paulínia (SP), onde começa o trabalho de distribuição do produto aos centros consumidores. A expectativa é concluir a implantação do projeto até 2017, com investimento total em torno de R$7 bilhões.

Um dos principais motivos para o banco protelar a liberação do empréstimo é o fato de a Logum ter entre seus sócios três empresas investigadas na Operação Lava Jato: Petrobras, que detém 20% de participação, a Odebrecht, que tem outros 20%, e a própria Construtora Camargo Corrêa, com 10%. Os outros sócios do empreendimento são Copersucar, Raízen (do grupo Cosan) e Uniduto Logística, que reúne usinas de açúcar e álcool.

Outro ponto que atraiu a atenção sobre a Logum foi o fato de que há até pouco tempo o seu presidente era Roberto Gonçalves, ex-integrante de uma equipe que se reportava ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator na Lava Jato. A Logum está sendo submetida a uma auditoria interna, nos moldes do que é feito hoje na Petrobras. A conclusão está prevista para ser entregue aos sócios nesta semana.

Setor

A situação da Logum tornou-se um tema delicado entre seus sócios, que não quiseram falar sobre o assunto. Além dos problemas por ter acionistas envolvidos na Lava Jato, a companhia também está numa situação economicamente delicada. Os potenciais clientes do setor de açúcar e álcool vivem uma das maiores crises de sua história e pouco têm a transportar pela parte dos dutos que já está pronta.

No começo do ano passado, os dutos que saíam de Ribeirão Preto até o polo petroquímico de Paulínia tinham apenas 10% de sua capacidade de transporte sendo utilizada. A empresa não informa qual é a atual situação.

Em agosto, antes de a Operação Lava Jato ganhar a atual dimensão, a Logum conseguiu refinanciar o empréstimo-ponte de R$ 1,7 bilhão que tinha com o próprio BNDES. Esse empréstimo é em sua maior parte garantido por fianças dos bancos Bradesco e Santander, que teriam de assumir um eventual calote caso o empreendimento não vá para a frente.

O balanço da Copersucar de 2013 informa, entretanto, que em caso de inadimplência os próprios sócios teriam de aportar recursos na empresa, além dos que já foram investidos. Juntos, os sócios colocaram R$ 1,5 bilhão no negócio. O trecho entre Ribeirão Preto (SP) e Uberaba (MG) já foi concluído. Na próxima etapa, Uberaba será ligada a Itumbiara.

Sociedade

A Camargo Corrêa está agora tentando sair da sociedade, mas afirma que isso não prejudicaria a construção desse segundo trecho que já está em fase de finalização. A saída da Camargo resolveria em parte o problema com o BNDES, que fez novas exigências de garantia, mas não aceita as que venham da Camargo. Os outros sócios teriam de dar garantias pela empresa.

Em nota, a construtora informou que contratou uma consultoria para realizar o desinvestimento. Segundo um outro sócio, uma das soluções seria os atuais acionistas comprarem a parte da Camargo. “Mas é preciso ter preço bom”, diz um deles.

O Popular

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