O caminhoneiro que deu carona a um homem investigado pelo duplo-homicídio do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no Vale do Javari, no Amazonas, informou que o homem se aproximou para pedir comida, em um posto de combustíveis no município de Rondonópolis (MT). O motorista prestou depoimento espontaneamente na Delegacia Regional da Polícia Civil de Rio Verde, na última quinta-feira (23).
O caminhoneiro, que não teve a identidade revelada, conforme afirmou ao delegado Danilo Fabiano, estava em um posto de combustíveis quando Gabriel Pereira Dantas se aproximou, pediu comida e disse que queria ir para São Paulo. “Ele ficou com dó e assim concedeu a carona”, diz o investigador.
O destino final do investigado foi Santos, onde há um porto, que era o local de descarga do condutor. A distância aproximada entre as duas cidades do Mato Grosso e de São Paulo é de 1.400 quilômetros.
O depoimento, afirmou o delegado, foi requisitado pela Polícia Civil de São Paulo e durou cerca de uma hora. Danilo Fabiano acredita que a PC de São Paulo tenha localizado o motorista após a indicação do contato por parte do homem que se apresentou em São Paulo dizendo ter participado da ação que tirou a vida de Dom e Bruno no início deste mês. “O delegado me passou a foto do rapaz que se apresentou em São Paulo e o motorista o reconheceu.”
Segundo o relato, a viagem teve início na última sexta-feira (17) no município de Mato Grosso. A data de término não foi mencionada pelo depoente, afirmou o delegado. O veículo conduzido pelo caminhoneiro, que afirmou residir e Mococa (SP), transportava grãos. “Ao dar a carona, ele não tinha nenhum conhecimento desta questão criminosa”, frisa o delegado.
Ao prestar os esclarecimentos em Rio Verde, o caminhoneiro apresentou os documentos pessoais, explicou que estava naquele local a pedido da PC-SP e, após dar as declarações, deixou o local, seguindo viagem.
A reportagem perguntou a Danilo Fabiano o nome com o qual o investigado pelas mortes teria se apresentado ao caminhoneiro, mas ele disse não poder informar. O depoimento do motorista foi enviado para a PC-SP, que havia pedido a oitiva.
São Paulo
Gabriel foi preso ao entregar-se no 2º Distrito Policial da cidade nesta quinta-feira (23).
Segundo policiais ouvidos pela reportagem, ele admitiu participação no crime.
Nesta quarta-feira, a Polícia Federal (PF) informou que concluiu a perícia de genética forense e que os corpos do indigenista e do jornalista.
“Os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuarão nos próximos dias concentrados na análise de vestígios diversos do caso”, informou a PF em nota.
Investigadores da PF voltaram nesta semana a Atalaia do Norte (AM), a cidade mais próxima da terra indígena Vale do Javari, para uma nova fase das investigações sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
O objetivo nesta nova fase é a análise de contradições nos depoimentos já prestados, a coleta de mais provas e a tentativa de identificação de eventuais mandantes.
A investigação é feita em conjunto com a Polícia Civil do Amazonas e é acompanhada pelo Ministério Público do estado e pelo Ministério Público Federal (MPF), também numa operação conjunta.
Fontes do MPF afirmaram à reportagem que uma das hipóteses investigadas é de que os pescadores ilegais envolvidos no crime sejam financiados ou armados por alguma organização criminosa com atuação na região.
Mas, segundo estas fontes, não há até agora elementos suficientes para a transferência da investigação à competência federal de forma exclusiva. Isto ocorreria, por exemplo, em caso de constatação de influência direta do narcotráfico internacional nas mortes de Bruno e Dom.
O primeiro a confessar participação nos assassinatos foi o pescador Amarildo Oliveira, o Pelado, segundo informação divulgada pela PF. Ele vivia na comunidade São Gabriel, na margem do rio Itaquaí, fora da terra indígena.
A confissão de Pelado ocorreu na noite de 14 de junho, segundo a PF. No dia seguinte, ele foi levado pelos policiais à área isolada onde foram encontrados os primeiros pertences de Bruno e Dom. Os corpos dos dois foram achados no mesmo dia 15, a partir das indicações feitas por Pelado.
Ele está preso temporariamente, assim como um de seus irmãos, Oseney de Oliveira (o Dos Santos), que nega participação no crime.
Fonte: Verde Vale 103
Foto: O Popular
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