Ler é uma delícia por si só. E se você é do grupo dos que não gostam dessa atividade tão prazerosa, é porque nunca mergulhou numa história arrebatadora. E acredite ou não, além de ser um prazer poder ler uma boa história, elas também ajudam a melhorar muitos problemas, como depressão e ansiedade, além de outros problemas que atingem a cabeça e o resto do organismo.
Quem garante esse poder medicamentoso das ficções são as inglesas Ella Berthoud e Susan Elderkin, que acabam de publicar no Brasil Farmácia Literária (Verus). Redigida no estilo de manual médico, a obra reúne cerca de 200 males divididos em ordem alfabética. Para cada um, há dicas de leituras.
As autoras se conheceram enquanto estudavam literatura na Universidade de Cambridge. Entre um debate sobre um romance e outro, viraram amigas e criaram um serviço de biblioterapia, em que apontam exemplares para indivíduos que procuram assistência. “O termo biblioterapia vem do grego e significa a cura por meio dos livros”, ressalta Ella.
O método é tão sério que virou política de saúde pública no Reino Unido. Desde 2013, pacientes com doenças psiquiátricas recebem indicações do que devem ler direto do especialista. Da mesma maneira que vão à drogaria comprar remédios, eles levam o receituário à biblioteca e tomam emprestados os volumes aconselhados.
A iniciativa britânica foi implementada com base numa série de pesquisas recentes que avaliaram o papel das palavras no bem-estar. Uma experiência realizada na Universidade New School, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas com o hábito de reservar um tempo às letras costumam ter maior empatia, ou seja, uma capacidade ampliada de entender e se colocar no lugar do próximo. Outra pesquisa da Universidade de Harvard apontou que leitores ávidos são mais sociáveis e abertos para conversar.
As autoras do projeto, acreditam que quando mergulhamos na história de heróis e vilões ou mesmo de personagens comuns que enfrenta problemas como os nossos, nos auxilia, inspira e apresenta perspectivas distintas. A obra mais antiga que integra o livro é a epopeia O Asno de Ouro, assinada pelo romano Lúcio Apuleio no século 2, que serve de fármaco para exagero na autoconfiança. Há também os moderníssimos Reparação, do inglês Ian McEwan (solução para excesso de mentira), e 1Q84, do japonês Haruki Murakami (potente para as situações em que o amor simplesmente termina). E para cada país, as obras escolhidas são adaptadas, de acordo com sua literatura. Aqui no Brasil, por exemplo, foram escolhidos Machado de Assis, Guimarães Rosa, Milton Hatoum, além dos portugueses Eça de Queirós e José Saramago. Mas claro, tudo depende do seu próprio gosto. Tente achar algo que goste de ler, e mergulhar na história. Pode ter certeza, que isso te fará um bem danado, principalmente para ansiedade e depressão. Vá fundo!
Flávia Menezes
Jornalismo Portal Panorama