O governo federal anunciou que recebeu 113 pedidos de outorga de empresas de apostas online, popularmente conhecidas como bets, sendo mais de 80 solicitações feitas apenas nesta semana, quando o prazo foi finalizado. A expectativa é de arrecadar R$ 3,3 bilhões apenas na primeira fase de licenciamento.
Nos últimos 12 meses, os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas online, resultando em perdas de quase R$ 24 bilhões, conforme dados de um estudo do Banco Itaú. De acordo com o levantamento, as perdas equivalem a 0,2% do PIB brasileiro.
Uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva, realizada com mais de 2 mil entrevistados em 142 cidades brasileiras, revela o perfil dos apostadores no Brasil. Quase metade dos jogadores de apostas esportivas online são jovens de baixa renda, entre 19 e 29 anos, e 34% pertencem às classes C-D-E. Além disso, um terço desses apostadores está endividado e com o nome negativado, e 37% deles possuem três ou mais cartões de crédito, que são frequentemente utilizados para realizar as apostas.
Com a regulamentação do mercado prevista para janeiro de 2025, o governo enfrenta o desafio de equilibrar os interesses econômicos com a proteção da saúde pública. De acordo com o Jornal Folha de São Paulo, a maior parte das reuniões realizadas para discutir as novas regras contou com a presença de representantes das casas de apostas, enquanto os profissionais de saúde foram ouvidos em apenas cinco ocasiões.
Especialistas, como o professor Hermano Tavares, coordenador do Programa de Atendimento ao Jogador (Pro-Amjo) do Hospital das Clínicas da USP, alertam para uma “epidemia de dependência em jogos” que está se espalhando pelo país. A falta de dados atualizados e a ausência de uma rede de apoio estruturada para tratar a ludopatia são indicativos de que o Brasil não está preparado para lidar com os efeitos colaterais do crescimento das apostas online.
As empresas de apostas online investem massivamente em marketing, com estimativas de gastos entre R$ 5,8 bilhões e R$ 8,8 bilhões somente em 2023. O investimento inclui patrocínios de times de futebol, transmissões esportivas e influenciadores digitais.
Fonte: Mais Goiás
Foto: Getty Images
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