O governador Ronaldo Caiado (UB) formalizou convite ao general da reserva do Exército, José Orlando Ribeiro Cardoso, que assumirá a presidência do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo) ainda neste mês. O nome foi indicado ao governador e depois recomendado pelo ex-presidente dos Correios, Floriano Peixoto Vieira Neto, que também foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, no governo de Jair Bolsonaro (PL).
O convite foi aceito pelo general, que presidiu, desde janeiro de 2020, a Caixa de Assistência e Saúde dos Empregados dos Correios – Postal Saúde, até o fim do ano passado. Segundo o governo, Caiado recebeu a indicação de um nome com experiência para a transição de regime jurídico do plano de saúde, que deixará de ser autarquia do Estado para ser transformado em Serviço Social Autônomo (SSA), após Lei aprovada em abril, pela Assembleia Legislativa.
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Depois do contato feito por Caiado, o nome de José Orlando foi apresentado na terça-feira (08) a diretores e servidores do instituto pelo atual presidente do Ipasgo, Vinícius Luz. Logo no dia seguinte, o general da reserva do Exército fez a primeira visita à sede do órgão. Teve reunião durante toda a manhã com Vinícius e, pela tarde, passou em cada sala cumprimentando funcionários e se apresentando, junto de um auxiliar, que deverá compor a nova equipe.
O general voltou ao Ipasgo na quinta-feira (10) e manteve primeiras conversas com técnicos do instituto, em movimento inicial para transição de comando, junto ao atual presidente. José Orlando avisou a servidores que estará de volta na próxima semana e a expectativa dos funcionários é para que ocorra a montagem de uma equipe de transição.
Vinícius Luz participou das conversas e embarcou para São Paulo, onde teve reuniões com hospitais sobre possível credenciamento. Ele retorna nesta sexta-feira (11) a Goiânia, mas voltará ao expediente no órgão na próxima semana. A auxiliares próximos, o presidente reforçou avaliação de que o processo de adesão às regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é complexo e que o futuro presidente tem experiência para o trabalho.
Não há pressa no governo para a posse de José Orlando, que seguirá com agenda no Ipasgo para conhecer a estrutura e demandas do órgão. A expectativa, no entanto, é de que a nomeação ocorra ainda neste mês de agosto. Já Vinícius Luz deve assumir cargo de assessoria no gabinete do governador, ao fim do processo.
Perfil do general
Apesar das especulações e burburinho criados entre servidores e usuários a partir das visitas de José Orlando ao Ipasgo, a indicação do militar não tem origem no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Bolsonaristas consultados, como o ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL) e o empresário e ex-candidato a deputado federal Uugton Batista, sequer conhecem o general e garantem que
Bolsonaro não tem parte na eventual nomeação.
Já governistas garantem que a troca no Ipasgo, quando for confirmada, se dará apenas por fatores técnicos e pela experiência administrativa de José Orlando. O nome chegou a Caiado por ter comandado o mesmo processo, de transição para as regras da ANS, no Postal Saúde, sem qualquer relação direta com o ex-presidente.
O general, inclusive, ocupa cargos de confiança no governo federal desde a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), quando foi nomeado para postos de segundo escalão no Ministério da Defesa. Entre 2013 e 2016, o militar, formado na turma de 1976 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), foi subchefe de Apoio a Sistemas de Logística e, depois, de Logística do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.
Apenas 13 dias antes do afastamento de Dilma Rousseff, em agosto de 2016, José Orlando foi nomeado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para a diretoria de Orçamento, Finanças e Logística do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), onde continuou durante a gestão de Michel Temer (MDB). Em dezembro de 2018, se tornou diretor Administrativo e Financeiro da estatal Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás). Até que, em janeiro de 2020, o militar foi então nomeado para a presidência do Postal Saúde, dos Correios.
Repercussão
Além das reações entre servidores estaduais, a indicação de um general provocou repercussão entre deputados estaduais da base e da oposição que passaram a buscar informações sobre o próximo presidente do Ipasgo. Para o presidente da Assembleia Legislativa, Bruno Peixoto (UB), o retrospecto de José Orlando mostra apenas que o indicado tem experiência para ocupar o cargo.
“O governador adquiriu, com a eleição no primeiro turno, a decisão de escolha dos seus auxiliares. Evidente que torço e apoio para que esse indicado faça um excepcional trabalho à frente do Ipasgo”, afirma. “A experiência se faz importante, independente se foi de um governo de esquerda ou de um governo de direita”, opina.
Já o deputado Mauro Rubem (PT) antecipa críticas ao general e cobra que o governador Ronaldo Caiado indique um servidor para o comando do instituto. “O governador prova que ele não quer cumprir o que todos nós esperamos. O Ipasgo é do servidor e nós servidores é que tínhamos que decidir quem deve comandar”, avalia.
“De um modo geral, o que nós vimos é que, onde os generais estiveram na gestão foi uma catástrofe. Experiências, no geral, muito ruim”, dispara o parlamentar, apesar de José Orlando ter também ocupado cargos no governo Dilma.
A indicação do general José Orlando Ribeiro Cardoso contou com o aval do ex-ministro Floriano Peixoto, que já teve relações familiares com a gestão estadual em Goiás. Durante o primeiro mandato de Ronaldo Caiado, o filho de Peixoto, o advogado Breno do Carmo Vieira, foi chefe do Gabinete de Representação de Goiás no Distrito Federal, entre junho de 2019 e fevereiro de 2021.
Fonte: O Popular
Foto: Reprodução
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